ACRE
Há exatos 79 anos nascia Delmiro Xavier, o “Gogó de Ouro” da Amazônia, um dos maiores narradores do rádio acreano
“Seguindo a ordem natural das coisas”… em 29 de maio de 43, nascia em Rio Branco, Acre, filho de Maria Eunice e Edelmiro Xavier, Delmiro Xavier da Silveira Neto.
Do menino que brincava nas barrancas do bairro Cadeia Velha, Xavier se fez homem e transformou-se em um dos maiores cronistas esportivos do Acre, quiçá, da Região Norte. Tendo recebido o título de “Gogó de Ouro”, por sua voz e timbre marcantes.
Com um português irreparável, frases personalíssimas (como esta que inicia o artigo), paixão e conhecimento de quem conhecia o futebol como poucos, Delmiro transformava uma partida de futebol em pura emoção. Em seus tempos de narrador, era comum ver homens e mulheres (sim, naquela época as mulheres iam ao José de Melo) com um radinho de pilhas, ouvindo a narração e assistindo, ao vivo, o jogo. Sua narração impecável rendeu-lhe convite para trabalhar na Rádio Tupi.
No final da década de 60 conheceu a professora Ana d’Anzicourt, que ‘pela ordem natural das coisas’ era chefe de torcida do Atlético Acreano. Desta união o casal teve dois filhos, Ana Cristina e Luis Carlos.
Fumante inveterado, Xavier perdeu a potente voz com o passar dos anos. Formou-se em Direito, trabalhou na Assembleia Legislativa, onde aposentou-se como Diretor –Geral.
Mas seu amor pelo rádio o acompanhou durante muitos anos… logo que a televisão chegou ao Acre, lá pelos idos de 74, Delmiro costumava ‘assistir os jogos’ com o aparelho televisivo mudo e o rádio ligado. “É mais emocionante”, dizia ele.
O Gogó de Ouro teve outras paixões: o Rio Branco (time acreano), o Santos e a Seleção Brasileira. Times que o deixavam exaltado. Também não dispensava um dominó, jogado com amigos e sem a participação de principiantes, chamados por ele de “Chico Langanho”. Aliás, este apelido tornou-se tão constante em sua vida, que um dia sua neta Ana Carolina, com então 5 anos, ao atender o telefone, gritou:
– “Vô, telefone pra tu”.
– “Quem é?”, questionou.
– “É o Chico Langanho”.
Em 2005, Delmiro Xavier foi diagnosticado com Mieloma Múltiplo (câncer) e em 11 de janeiro de 2007, seguindo a ordem natural das coisas, faleceu deixando um sonho em aberto: ser diretor da Rádio Difusora Acreana, palco de muitas histórias e felicidade. Como diria ele, em mais um de seus neologismos, ‘’este foi fulhanca”!
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Este texto foi repassado ao Mestre Francisco Pinheiro e cedido para fazer parte da Enciclopédia do Rádio Esportivo Brasileiro (editora Insular).
Ao meu pai, onde quer que esteja, meu abraço mais que carinhoso (Ana Cristina da Silveira).
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