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No dia deles, conheça o professor James e seu jeito diferente de encher os alunos de conhecimento

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“Ele é um professor 100%”, diz um aluno. “Só com ele aprendi matemática”, fala outro. “É um ótimo colega”, conta uma funcionária. “Ele ensina de uma forma dinâmica e todo mundo consegue entender. Ele também é como pai pra gente, todo mundo gosta dele”, declara Letícia Santos, estudante da 3ª série do ensino médio.

James Barbosa é um professor que vive a educação. Há 27 anos atua nas salas de aula, ensinando a ciência dos números – a matemática. Na rede pública estadual, são 23 anos e, atualmente, leciona para 12 turmas na Rodrigues Leite, o que significa um universo de quase 500 alunos. 

Ao conhecê-lo pessoalmente, não é difícil perceber seu anseio por educar. Atitude que está ligada à trajetória do jovem que experimentou uma transformação significativa de vida graças à educação e se esforça para multiplicar o benefício que recebeu.

James leciona para 12 turmas da Rodrigues Leite, o que significa um universo de quase 500 alunos. Foto: Mardilson Gomes/SEE

A história desse professor começa na juventude, quando se torna o primeiro membro de uma família humilde a ingressar na universidade. “Comecei a dar aula em escola da zona rural e lá me identifiquei como educador. Tenho um orgulho imensurável de dizer que sou professor na essência da palavra. Gosto do que faço, atuo como professor e vivo minha prática”, relata o matemático, que apresenta números impressionantes.

Ele já alcançou a meta de mais de 20 projetos anuais. Participou de todas as edições da Viver Ciência, mostra científica coordenada pela Secretaria de Educação, Cultura e Esportes do Acre (SEE), que reúne projetos estudantis de todo o estado. 

Aulas descontraídas, lúdicas e interativas são a marca do professor. Foto: Mardilson Gomes/SEE

O destaque foi um projeto relacionado à plataforma de ensino de matemática Khan Academy, envolvendo um grande número de crianças e adolescentes das escolas Instituto São José, Boa União e José Rodrigues Leite. O projeto atingiu médias notáveis de dez mil, 20 mil e até 150 mil questões resolvidas diariamente.

As atividades lúdicas, projetos e gincanas são comuns para os alunos do professor que se alegra com sua trajetória e conquistas. “Nesse processo de mais de 20 anos, tenho muitas razões para me orgulhar. A principal é ver muitos ex-alunos tornando-se juízes, advogados e médicos”, conta. 

“Sinto que faço parte de um processo transformador de vidas”, diz James. Foto: Mardilson Gomes/SEE

No entanto, há um desses orgulhos em particular que o emociona: “Uma ex-aluna, com muitas dificuldades, tanto de acesso à escola, como de saúde e familiares; questão de pais presidiários, esse tipo de coisa, entra aqui no começo do ano, me dá um abraço e fala assim ‘professor, muito obrigada, hoje sou aluna de enfermagem’. Isso me toca muito, porque sinto que faço parte de um processo transformador de vidas. Isso traz sentido para a minha vida como educador”.

“Eu observava a dedicação deles, o carinho que tinham pela gente, e pensava: vou querer ser professora também”

A exatos 40 quilômetros da capital, localizada no Seringal Colibri, na zona rural da cidade, às margens do Rio Acre, encontra-se a Escola Santa Lúcia II. Lá, a professora responsável é Vera Lúcia de Souza. À primeira vista, quem a conhece pode achá-la tímida, sem imaginar o poder da mulher que estruturou a própria vida por meio da educação e hoje busca impactar positivamente a vida dos alunos. 

Professora Vera Lúcia atua se inspirando na dedicação dos professores que teve na Santa Lúcia II. Foto: Mardilson Gomes/SEE

A história da educadora com a Santa Lúcia II começou aos seis anos de idade. Vera nasceu na comunidade e foi alfabetizada naquela unidade escolar. Filha de uma família de agricultores, era a nona entre 12 irmãos. Naquele tempo, tinha que andar uma distância considerável para chegar à escola. 

“Desde a época em que estudei aqui com meus professores, eu observava a dedicação deles, o carinho que tinham pela gente, a delicadeza. Aquilo chamava minha atenção, e nesses momentos que pensava: eu vou querer ser professora também”, relembra.

Escola Santa Lúcia II na época em que a professora era aluna. Foto: Arquivo Pessoal

Alguns anos depois, foi a vez de sua primeira filha ser alfabetizada na mesma escola. Vendo a dedicação das professoras da época, Vera decidiu ser voluntária e ajudar no cuidado com as crianças da instituição. “Naquela época, as professoras me ajudavam com uma pequena quantia, uma forma de incentivo. Elas me ensinaram redação e eu consegui ingressar em um curso de pedagogia”, conta.

Em 2020, a educadora retornou mais uma vez à Santa Lúcia II, agora como professora responsável pela unidade, que atende atualmente 45 estudantes das modalidades de ensino fundamental e educação de jovens e adultos. Ao longo da semana, ela reside na escola, já que sua moradia está situada na Estrada Transacreana, a uma distância de cem quilômetros dali.

Alunos e parte da equipe da Escola Santa Lúcia II. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Vera conta com o apoio do marido, que ajuda com serviços gerais e preparo da merenda, enquanto sua filha do meio é aluna ali mesmo, na Santa Lúcia. “Aqui somos todos de mãos dadas pela escola”, afirma. Além da comunidade do Colibri, a instituição atende também a do Seringal Bagaço, que fica na outra margem no rio e parte dos alunos só consegue vir às aulas por conta do barco mantido pela SEE.

Investimentos do Estado

O professor James e a professora Vera integram o contingente de 11.343 professores da rede pública estadual que dedicam a vida à educação dos jovens acreanos.  Nos últimos anos, o Estado tem investido no fortalecimento da sua rede de educadores.

Professora se despede dos alunos que retornam de barco. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Desde 2019, 971 novos professores efetivos foram incorporados ao quadro de profissionais da educação. Nos últimos dois anos, houve também reajustes salariais da ordem de 27% e 21% respectivamente. O investimento de R$ 33,1 milhões em notebooks beneficiou 7.376 educadores, promovendo modernização pedagógica. Além disso, mais de R$ 9 milhões foram destinados ao auxílio-internet, ampliando o acesso digital. 

Com a entrega de laboratórios móveis para o ensino fundamental, laboratórios de química, física, biologia e matemática para o ensino médio, bem como laboratórios de informática e 32 mil tablets, a integração da tecnologia na sala de aula também foi fortalecida. Esses esforços evidenciam a dedicação do Estado em valorizar o setor educacional. 

O sonho da professora Lúcia é ver os alunos voando e ultrapassando os limites. O do professor James é ter uma escola que alcance todos e deixa uma lição: “A educação é uma parte gigantesca da sociedade e o professor é o coração que pulsa esse processo”. 

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