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RAIMUNDO FERREIRA

Professor Raimundo Ferreira de Souza escreve sua coluna nesta segunda-feira, 9, sobre “Monumentos da natureza’

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MONUMENTOS DA NATUREZA

Ficamos até confusos para iniciar uma narrativa sobre o que justificaria certas atitudes de alguns seres humanos. A primeira ideia que vem é a de que o bom senso e a consciência de que somos partes de uma mesma natureza e meio ambiente estão muito distantes da racionalidade humana; e a segunda refere-se a essa questão do custo-benefício. Indagamos, a guisa de esclarecimento, se esse conceito perdeu totalmente o sentido de equivalência. A princípio, gostaríamos de saber o que passa pela cabeça de um cidadão desses, a menos que exista — e a gente não saiba — uma justificativa muito forte e convincente para ele decidir abater uma árvore desse porte. E, segundo, qual seria realmente o ganho obtido com o extermínio dessa árvore que justificaria tal decisão e, consequentemente, o cometimento do crime.

Sabemos que, para se desbravar as localidades, construir povoados, depois cidades, edificar moradias engenhosas, etc., florestas precisam ser devastadas, terrenos precisam ser modificados, estruturas de acessibilidade precisam ser viabilizadas, enfim, uma série de interferências precisa ser realizada na natureza. No entanto, uma árvore desse porte, que já sobreviveu por aproximadamente uns duzentos anos, está acima de qualquer interferência que o homem possa fazer, pois, por ela ter sobrevivido ao tempo, trata-se de um símbolo maior e sagrado da natureza. É como se fosse um dos monumentos naturais, podendo até ser comparada historicamente às pirâmides egípcias.

Aí, sem mais nem porquê, aparece um cidadão e, por motivo certamente apenas para usufruto da madeira — que, pelo visto, é de lei —, em alguns minutos elimina esse símbolo, esse monumento. Talvez desmanche em toras, talvez transforme em móveis ou outros adereços e objetos, e finalmente extermine o monumento. Certamente deve ganhar um bom dinheiro por essa valiosa matéria-prima; no entanto, nada disso justifica a atitude e ação criminosa. Uma espécie vegetal nobre, que sobreviveu na natureza por quase duzentos anos, resistindo ao tempo, não poderá e nem deveria sucumbir apenas para satisfazer a vaidade ou ganância financeira de alguém e ser exterminada para sempre.

A mitologia grega conta a história do mito de Sísifo. Dizem que ele cometeu um pecado gravíssimo e que, além de ser imperdoável, o castigo teria que durar pela eternidade. Assim sendo, o deus Zeus determinou que, para todo o sempre, ele iria empurrar uma grande pedra montanha acima e, quando chegasse no topo, deixasse rolar para baixo. Aí, descia e começava a empurrar montanha acima novamente. Um cidadão que comete um crime desses com a natureza até que merecia um castigo desse nível.

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