“A vida e os limites”, escreve o professor Raimundo Ferreira de Souza para divagar sobre a formação do caráter

A VIDA E OS LIMITES

Acreditamos não existir outra maneira para se adquirir conhecimentos, aprender modos de vida sensatos, absorver cultura e, finalmente, consolidar uma identidade própria que não seja através dos métodos formais de ensino, das manifestações culturais, da convivência e relações com o meio social, e também através da família.

Contudo, é oportuno salientar que, por conta das diversas orientações e influências recebidas dos mais diversos setores, a formação do caráter do cidadão necessita equacionar ou reciclar essas informações, estabelecendo algumas escolhas e limites para que as relações sociais aconteçam de forma mais amistosa e, consequentemente, mais humanizadas.

Para que essa boa convivência venha a ser exercida com sucesso na prática, algumas restrições e contenções fazem-se necessárias. Conforme somos sabedores, os interesses e as tentações poderão surgir de toda parte e por todos os meios. Por exemplo, uma agremiação política e seus componentes poderão perfeitamente investir com propostas sedutoras, tentando ganhar simpatizantes e, dependendo da receptividade e aceitação, os comportamentos e condutas de alguns cidadãos poderão mudar de uma hora para outra. Ou seja, quem é possuidor de um bom caráter poderá tornar-se um demagogo, um mentiroso ou até um corrupto.

Assim sendo, faz-se necessário estarmos atentos ao desvio de rumo que, disfarçadamente, as nossas vidas poderão tomar. Existe, inclusive, um ritual penitente em forma de súplica, que recorre à proteção Divina para nos livrar das tentações, nos seguintes termos:

Não permita, Senhor, que a influência política me transforme em um cínico;
Não permita, Senhor, que a empolgação me transforme em um fanfarrão;
Não permita, Senhor, que a ociosidade me transforme em um preguiçoso;
Não permita, Senhor, que o cansaço faça com que eu me exceda no repouso;
Não permita, Senhor, que a embriaguez faça com que eu perca a decência;
Não permita, Senhor, que a vida faça com que eu passe por este planeta tentando ludibriar os semelhantes;
E não permita, Senhor, que a morte faça com que eu saia de cena antes de cumprir minha missão.