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Revista nacional do Sebrae destaca história de acreana que empreendeu no ramo da culinária no Paraná e faz sucesso
A acreana Selma Cavalcante ganhou uma página especial em revista nacional do Sebrae pelo destaque que virou ao montar um restaurante em Foz do Iguaçu, no Paraná. Ela faz parte de grupo especial de pessoas que tem o empreendedorismo na veia em um dos Estados mais ricos do Brasil.
Veja a seguir a matéria completa:
Cultura Empreendedora: Do Acre para o oeste do Paraná, empreendedora inova com restaurante amazônico
Selma Cavalcante, 49 anos, acreana de Rio Branco, é uma das 32,7% de mulheres que empreendem no Paraná, com base no panorama de dados referentes ao quarto trimestre de 2024, da PNAD Contínua, do IBGE. A empreendedora é professora por formação, mas viu sua vida mudar quando largou tudo no norte do País para acompanhar os filhos que decidiram estudar medicina no Paraguai. Selma, conhecida como Sel, é proprietária de um restaurante típico nortista em Foz do Iguaçu, na região oeste do Paraná.
A história de sucesso da empresária começou em 2021, quando decidiu vender cápsulas de cappuccino pela internet.
“Chegamos em Foz 40 dias antes da pandemia, ou seja, ninguém me empregaria como professora. Então, eu, marido e meus filhos montamos, em janeiro de 2021, a primeira loja no Instagram. Produzíamos cápsulas e pó de cappuccino. Foi assim que conheci o Sebrae, quando procurei ajuda para fazer o valor nutricional dos produtos e, para minha surpresa, ainda vendi meus produtos para um encontro de empresários. Foi aí que imaginei estar no caminho certo”, relembra Selma.
O início foi desafiador, com vendas de porta em porta, até que surgiu a oportunidade de se tornar feirante.
“Abri uma banquinha em um condomínio de Foz do Iguaçu e foi me sugerido participar de algumas feiras para alavancar as vendas. Busquei informações na Associação Comercial e Empresarial da cidade, organizei os documentos, fiz um curso de manipulação de alimentos, tornei-me MEI e fui para a feira. Lembro que precisava de uma barraca e mesa desmontável, mas tinha pouco para investir. Então, comprei um varal de roupa, coloquei um papelão coberto com uma toalha bonita, consegui uma tenda e fui para a feira”, recorda.
A empreendedora quase desistiu quando seu marido informou que não poderia mais acompanhá-la nas feiras. Mas, ao fazer uma postagem nas redes sociais sobre sua vida de feirante e a culinária nortista, percebeu um novo caminho.
“Minha postagem teve grande repercussão. Muita gente queria conhecer sobre nossos pratos típicos. Então, iniciamos em casa, buscamos fornecedores do Norte, já que em Foz do Iguaçu não havia, por exemplo, tacacá. Encontramos no Pará e, a partir disso, tudo começou a mudar”, conta Selma.
Empretec: uma ideia real
O Sebrae foi fundamental nessa transição. Selma passou a frequentar cursos, eventos e reuniões, até que recebeu um convite para participar do Empretec. Foi nesse momento que surgiu a ideia que mudaria sua vida profissional.
“Participei do Empretec em 2023, quando idealizei o restaurante. Parecia algo distante, precisei entender como tudo aconteceria. Hoje, o Seldeestrelas Comidas Nortistas é minha realidade”, testemunha.
De MEI a ME
Selma começou como microempreendedora individual (MEI) para atuar como feirante e, com o crescimento do negócio, fez a transição para microempresa (ME).
“Fiz uma análise e descobri que as pessoas do Sul gostam de lugares fechados, climatizados, onde possam levar a família ou amigos e tirar fotos. Por isso, o restaurante remete à floresta, com som de pássaros, cheiro de mata e elementos que resgatam as lendas amazônicas. Mostramos o fruto do açaí, o ouriço da castanha e falamos sobre sustentabilidade e desperdício zero”, conta a empreendedora.
Hoje, proprietária de restaurante em Foz do Iguaçu, Selma foi feirante e participou do Empretec.
A inauguração do restaurante ocorreu em 28 de agosto de 2024. Atualmente, sete pessoas trabalham no empreendimento, incluindo três funcionários contratados, além de membros da família.
Hoje, Selma também se encaixa em outro ponto da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que aponta que 52% das empreendedoras preferem desenvolver o negócio em locais convencionais, como lojas e galpões. No caso da empreendedora, esse espaço carrega um pouco de história, regionalismo e dedicação: o Seldeestrelas.
“Sou a professora que virou feirante, vendeu nas ruas, conquistou clientes, esteve entre grandes empresários, mesmo sendo MEI, e hoje tem o primeiro restaurante temático amazônico em Foz do Iguaçu”, comemora.
Restaurante traz a culinária nortista como foco e ambiente que remete à região.
Mulheres empreendedoras
O levantamento aponta que no Paraná, 50,9% da população é feminina, sendo que 43,4% delas estão no mercado de trabalho. Quando o assunto é empreendedorismo, 32,7% dos negócios são liderados por mulheres, e 51,2% delas são chefes de família. Destas, cerca de 289 mil estão no setor de Serviços. Amanda Fagundes, consultora do Sebrae/PR, acompanhou o processo de crescimento de Selma.
“As empreendedoras são as que mais contratam mulheres e, geralmente, enfrentam o desafio da dupla ou tripla jornada: filhos, casa e trabalho. Elas têm um olhar apurado para a gestão e sabem onde precisam melhorar. Selma é um exemplo. Desde 2021, participa de encontros, palestras e capacitações. Começou como MEI, aproveitou subsídios do Sebraetec, entendeu de gestão e planejou cada passo até chegar aonde está”, analisa Amanda.