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POLÍTICA

Valterlucio Campelo escreve: “Qual a capacidade do governador Gladson Cameli de transferir votos?”

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Valterlucio Bessa Campelo
Em vista das pesquisas de preferência eleitoral publicadas recentemente, essa pergunta vem assaltando as mentes dos líderes, candidatos e analistas políticos locais. Mesmo as pessoas na rua perguntam como se explica o alto nível de aprovação do governador combinado com a baixa preferência em relação ao seu candidato à prefeitura de Rio Branco, o bom e impoluto Secretário Alysson Bestene.
A resposta mais fácil, comumente verbalizada na praça pública é de que o Gladson Cameli tem votos para si mesmo em função de seu carisma pessoal etc., mas não consegue, a partir daí, promover uma candidatura. Será?
Se é assim, então deveria haver os casos em que um sujeito suficientemente popular consegue com facilidade apontar no dedaço um candidato qualquer e elegê-lo facilmente. Sim, já houve, talvez ainda subsista em algum lugar tais condições, mas, convenhamos, está cada vez mais raro, e por muitos motivos.
Arrisco mencionar, em primeiro, que julgo o mais importante, é o acesso à informação que toda a sociedade dispõe hoje a um toque no celular. Antes, com pouco ou raso conhecimento, o eleitor dependia de um pacote de qualidades e características formatado pelo partido ou liderança que, via rádio, tv ou jornal, alcançava o eleitor formando sua opinião. Quem detivesse os meios de comunicação se situava a léguas de vantagem frente ao concorrente, daí, aliás, o domínio esses meios no Brasil inteiro por políticos e suas famílias. Nessas condições, o candidato propagandeado era “comprado” pelo valor de face sem muita discussão. Hoje, com o advento da internet e a popularização dos smartfones, a mensagem tradicional alcança um eleitor já muito bem informado. Não se trata mais de induzir ou formar uma opinião, mas, muitas vezes, de mudá-la, o que, convenhamos, é tarefa bem mais difícil.
O segundo, é que estamos atravessando uma quadra excepcional da vida brasileira, de polarização ideológica. A clivagem nacional resultante das disputas em 2018 e em 2020 vem se aprofundando ao invés de arrefecer. O próprio STF, que deveria se situar à margem do processo e cuidar de eliminar os excessos, tomou partido e consolidou a divisão da sociedade entre Bolsonaristas à direita e Lulopetistas à esquerda. Essa clara repartição alcançou todos os níveis, inclusive a hierarquia político-administrativa. Eleições de estados e municípios, mesmo os pequenos, terão que de algum modo lidar com esse antagonismo. Isso significa que os candidatos ao se dirigirem ao eleitorado, passarão, evidentemente, pelo filtro bolsonarista X lulopetistas.
Em terceiro, já como consequência da polarização referida no ponto anterior, sobra pouco espaço para o centro, de modo que QUALQUER candidato em qualquer das capitais que se apresentar como centrista, nem bolsonarista nem lulopetista, perde espaço logo no portal da arena porque as arquibancadas já estão, desde antes, tomadas por essas frações. Pago uma baixaria no mercado do bosque, para quem indicar uma capital brasileira em que a disputa dispense essa polarização e se concentre apenas no repertório dos candidatos para a cidade, como querem os paroquialistas.
É certo que há uma camada (cada vez menor) de eleitores dispostos a algum tipo de manipulação, ou a seguir a indicação de olhos vendados, entretanto, a grande maioria é desobediente quando o comando não favorece a sua pré-disposição. A rigor, sendo secreto, nenhuma preferência pode ser imposta.
Aí chegamos ao Gladson e ao dilema apresentado. Ele pode impulsionar muito ou pouco o seu candidato? Depende. Se a orientação for no sentido daquela opção que ao seu eleitor pareça coerente com a sua pré-disposição, com o seu ideário e sua história, fatalmente ele seguirá a seta indicada e maximiza-se a resultante. Se, contrariamente, Gladson indicar um caminho contraditório, incoerente ou de difícil explicação, que não seja naturalmente recebido pelo eleitor, ele desertará e, ao cabo, entre idos e vindos, a força resultante será praticamente nula.
Se os três pontos antes referidos fazem sentido, a capacidade de transferência de prestigio eleitoral do governador Gladson, ou de qualquer outro político, está mais na dependência do rumo indicado do que exatamente em sua força, isto porque o eleitor, mesmo aquele eventualmente favorecido, agradecido, historicamente vinculado ou fã no sentido da admiração pessoal, tem lá suas convicções a partir de informações que reteve ao longo do tempo, de modo que é bem mais fácil e sábio guiá-lo para o rumo que ele mesmo já deseja ir. Lembrando um ditado nordestino que de tão velho nem se usa mais, ir contra a preferência do eleitorado é mais ou menos como “levar o bode pra chuva”. Ele não vai e, se for, vai contrariado e volta assim que tiver uma chance.

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