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KATIANNY ARAÚJO

Coluna da Dra Katianny: Os impactos das redes sociais por buscas de procedimentos estéticos

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Transtorno de imagem e expectativas irreais podem provocar arrependimento e até comprometer a saúde mental de pacientes.
As mudanças realizadas pelos procedimentos estéticos, em geral, são positivas tanto para o bem-estar físico quanto psicológico do paciente, uma vez que ajudam na autoestima e na autoimagem. Mas, não é para todo mundo.
Entretanto, essa é uma realidade apenas para quem têm uma visão real de si mesmos e que leva ao especialista queixas razoáveis – o que deve ser avaliado cuidadosa e individualmente.
Nesse contexto, as redes sociais têm impactado cada vez mais na forma como as pessoas se vêem, como mostra uma pesquisa recente produzida pela Universidade de Boston e publicada no Journal of Clinical and Aesthetic Dermatology. Os pesquisadores avaliaram 175 pacientes acima de 18 anos e concluíram que o tempo gasto nas redes sociais e o uso de aplicativos de edição de fotos estavam diretamente ligados à insatisfação com a aparência e a um aumento na busca por procedimentos estéticos.
Além do contato constante com padrões estéticos nas redes e a manipulação de fotos, a imagem da câmera do celular, particularmente no modo selfie, pode ser um agravante para o desenvolvimento de uma visão distorcida da própria aparência. Como a câmera é projetada para obter uma curta distância a maior amplitude da imagem, ela acaba por distorcer a face, deixando o nariz maior e a parte lateral da face mais estreita.
Se estiver em muitas conversas de vídeo durante o dia – algo comum após a chegada da Covid-19 –, o usuário pode acabar aceitando essa como a sua imagem real, levando-o a uma insatisfação pouco plausível com certas áreas do rosto.
Cabe aos profissionais da área, então, um diálogo aberto. Entender de onde vem o desejo daquele paciente em realizar determinado procedimento e ouvir o que ele deseja é fundamental para avaliar se o que está sendo solicitado é plausível ou se pode envolver algumas questões psicológicas, como o transtorno dismórfico corporal (TDC).
Em pacientes com dismorfia corporal em um nível grave, optar por determinados procedimentos deve ser muito bem pensada – em alguns casos, até contraindicada. Já em pessoas com níveis leves, o procedimento pode ser positivo e um verdadeiro aliado.
Tais estudos comprovam a responsabilidade de profissionais que seguem os preceitos biomédicos em alertar de que o que um paciente deseja pode não ser o melhor para ele. É muito grave que, após procedimentos, a pessoa se olhe no espelho e não se reconheça – ou mesmo se arrependa a médio ou longo prazo, porque percebeu que, na verdade, gostaria de ter tido um resultado mais natural.
Em alguns casos, é possível realizar um procedimento mais complexo, mas o ideal – além de o mais seguro – é alinhar as expectativas antes da realização.
Assim, a escolha de um biomédico qualificado torna-se fundamental para alcançar resultados desejados e dentro da realidade. O procedimento não pode ser vista como uma roupa “tamanho único”; deve ser pensada de forma individualizada para cada paciente, de acordo com o que ele necessita e o que é possível fazer.
Ainda que exista para resgatar a autoestima e qualidade de vida dos pacientes, os procedimentos estéticos não devem ser banalizados.

Katianny Araújo é Biomédica com especialização em Biomedicina Estética

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