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SAÚDE

Remédio nem sempre é indicado para tratar insônia; entenda o distúrbio e calcule se você dorme o suficiente

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Insônia vai além de uma noite ruim de sono e é dividida em dois tipos: aguda e crônica.

Todo mundo quer ter um sono de qualidade, mas é praticamente impossível ter 100% de aproveitamento. Sempre terá aquele dia que você vai dormir mal, vai acordar no meio da noite ou vai acordar sentindo que não descansou o suficiente. Isso é normal e não configura insônia, um distúrbio sério que acaba sendo banalizado.

A insônia é um distúrbio do sono caracterizado pela dificuldade de adormecer, permanecer dormindo ou ambos, mesmo se a pessoa tiver tempo suficiente e um ambiente propício para um sono reparador.

“O diagnóstico precisa ter uma história médica bem coletada para entender se é transtorno. Às vezes, a insônia é sintoma de uma doença, como ansiedade e depressão”, explica Rosa Hasan, coordenadora do Laboratório do Sono do Instituto de Psiquiatria (IPq) da Universidade de São Paulo (USP).

A neurologista explica que, quando o paciente tem queixas de sono, é preciso analisar o horário que ele está dormindo, se o ambiente do sono está bom, quais os hábitos do dia a dia. Se tudo está em ordem e a pessoa continua dormindo mal, é preciso procurar ajuda médica.

Hora do remédio?

Imagine se todos os problemas pudessem ser resolvidos apenas com uma pílula mágica? Infelizmente, essa não é a realidade e isso também vale para a insônia. Inclusive, a primeira opção de tratamento é a terapia cognitivo-comportamental (TCC) para compreender a origem e os motivos da insônia.

Além disso, especialistas lembram que é importante promover mudanças comportamentais, como estabelecer um horário para dormir, ter um bom ambiente para o sono, controlar a exposição à luz, tentar introduzir técnicas de relaxamento e reduzir o consumo de cafeína, álcool e nicotina.

Caso as medidas não farmacológicas não sejam suficientes, aí pode ser a hora de entrar com o medicamento. Mas tudo deve ser bem conversado com o médico, já que o tratamento é individualizado. Ou seja, o que serve para você não necessariamente vai servir para seu amigo.

Rosa Hasan lembra que todos os medicamentos trazem vantagens e desvantagens. Por isso, a automedicação NUNCA é indicada.

“Os medicamentos trazem riscos. Você pode tomar um remédio que ‘chumba’ muito, você acorda de noite e pode se machucar. Pode ocorrer uma sedação residual de manhã. Alguns indutores podem causar até um tipo de sonambulismo. Tem também o risco de dependência. Mesmo os remédios seguros, usados com indicação, trazem efeitos adversos”, alerta Rosa Hasan.

Insônia aguda e crônica

“A insônia é diferente da privação de sono (que é quando a pessoa dorme pouco). Na insônia o indivíduo tem a oportunidade de dormir, mas acaba acordando mais cedo do que o desejado e não consegue voltar”, explica Luciano Drager, professor associado do departamento de clínica médica da FMUSP e presidente da Associação Brasileira do Sono (ABS).

O distúrbio é dividido em dois tipos:

  • Insônia aguda: é uma condição de curto prazo. A pessoa tem dificuldades no sono que duram alguns dias ou semanas, mas não mais que três meses. Pode estar relacionada com fatores externos, como divórcio, morte, doença. Se ela persistir por mais de três meses ela vira crônica.
  • Insônia crônica: a pessoa tem dificuldades para dormir e sintomas diurnos relacionados (leia abaixo) por pelo menos três vezes por semana e dura pelo menos três meses.

A sonolência não é o principal sintoma da insônia. O distúrbio pode afetar quase todos os aspectos da vida. A pessoa pode ter mais dificuldades na concentração, pode ficar mais irritada, pode ter problemas de memória, prejuízos metabólicos e cardiovasculares a longo prazo.

Entre os sintomas diurnos relacionados à perda de sono estão:

  • Fadiga
  • Atenção ou memória prejudicada
  • Problemas com trabalho, escola ou desempenho social
  • Irritabilidade ou humor perturbado
  • Sonolência
  • Diminuição da motivação
  • Aumento de acidentes ou erros
  • Problemas comportamentais, como hiperatividade ou agressividade, especialmente em crianças
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