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ESPORTE

Neto Pessoa – Um artilheiro acreano na Malásia

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Na Marca da Cal | Francisco Dandão

Depois de brilhar com a camisa do paraense Clube do Remo, na Copa Verde de 2021, onde foi campeão e artilheiro, com nove gols, o acreano Neto Pessoa, cuja trajetória no mundo do futebol começou nos juniores do Plácido de Castro-AC, em 2012, trocou Belém pela cidade de Kota Kinabalu, numa ilha da Malásia, para jogar por uma temporada no time do Sabah FA.

Foi de lá, dos confins da Ásia, que ele me concedeu essa entrevista, explicando o momento da sua carreira e os motivos que o levaram a essa aventura internacional.

Como foi essa mudança sua para a Malásia?

Neto Pessoa – O gerente executivo do clube entrou em contato com os meus representantes e fez uma proposta. No momento eu tinha uma grande procura para jogar em times do Brasil, portanto sabia que era uma decisão muito difícil de se tomar. Mas acabei aceitando pelo lado financeiro do negócio. O que me foi ofertado no Sabah foi cerca de duas vezes mais da melhor oferta que eu teria no Brasil. Fechei um contrato de uma temporada e estou há cerca de duas semanas no país.

Como é o nome da cidade? Como é o clube? Tem outros brasileiros nesse time?
Neto Pessoa – A cidade se chama Kota Kinabalu, fica numa ilha de Bornéu. É uma cidade muito linda, de clima tropical, com uma mistura de culturas, onde predominam chineses, indonésios e malaios. A estrutura do clube é das mais básicas para exercer um futebol de alto nível, mas é um equipe que possui estádio e centro de treinamento de médio porte. Na equipe tem outro brasileiro, o Jackson, zagueiro que atuou no Fortaleza no ano passado. E tem outros três estrangeiros, sendo um coreano, um indonésio e um japonês. No momento o clube está tentando a contratação de um volante brasileiro.

A cidade se chama Kota Kinabalu, fica numa ilha de Bornéu. Foto/Getty Images/iStockphoto

Quais as suas perspectivas de ser titular?

Neto Pessoa – Tenho trabalhado muito forte individualmente pra atingir as metas do clube nas competições e também as minhas metas pessoais. Alcançando os objetivos, sei que isso pode abrir grandes portas para a minha projeção aqui na Ásia.

Como foi a sua passagem pelo Remo? E porque você não ficou lá?

Neto Pessoa – Ter jogado no Remo foi algo que marcou muito forte a minha carreira. Conquistei o respeito da direção do clube, assim como o carinho e a admiração da torcida. Eu diria que foi o clube com a torcida mais fanática e apaixonada que joguei até hoje. Queria muito ter dado continuidade, ajudar o clube a voltar para a série B, mas, ao mesmo tempo, tenho que resolver minha vida, tenho que pensar na minha família, e a vinda pra cá para Ásia foi pensando no melhor para eles. Quero um dia, se possível, voltar a vestir a camisa do Remo e ser campeão novamente.

O atacante Neto Pessoa brilhou com a camisa do Remo e fez nove gols na Copa Verde 2021. Foto/Assecom Remo

Faça um breve retrospecto sobre a sua carreira (os melhores momentos e as maiores decepções até aqui).

Plácido de Castro – campeão de 2013. O atacante Neto Pessoa é o quinto em pé, da esquerda para a direita. Foto/Manoel Façanha

Neto Pessoa – Minha carreira é fruto de muito trabalho e perseverança. É muito difícil um acreano ganhar destaque em equipes do grande eixo do Brasil. Tive que por muitas vezes trabalhar três vezes mais que jogadores da minha posição para ter vaga no time. Sempre tentei ser muito estratégico nas equipes que vou, ler os pontos fortes e fracos da equipe e trabalhar em cima disso. Tentei por algumas vezes largar o futebol, principalmente no início por questões financeiras. No início da minha carreira, joguei por algumas temporadas de graça, iludido por falsas promessas de pagamento pelos dirigentes dos clubes acreanos. No segundo semestre de 2016, por exemplo, eu me desliguei do Rio branco para virar atendente de telemarketing. Fiquei cinco meses nessa profissão, até receber o convite do professor Álvaro, onde ele me ensinou muita coisa sobre a minha posição, composição tática etc. Foi nesse momento que se deu a virada de chave da minha carreira.

O atacante Neto Pessoa chora após a conquista do Campeonato Acreano 2014. Foto/Manoel Façanha.
O atacante Neto Pessoa em ação, pelo Atlético Acreano, contra o Globo (RN), na Série C de 2018. Foto/Manoel Façanha.

Fale dos planos para o seu futuro no futebol.

Neto Pessoa – Bom, eu tenho 27 anos e creio que estou vivendo um dos meus melhores momentos na carreira. Sei que posso conquistar muita coisa grande ainda, jogar em times de maior expressão internacionalmente, e tenho trabalhado arduamente pra isso. Ainda tenho a mesma vontade de vencer de quando eu tava começando e isso me deixa muito esperançoso de conquistas maiores, de títulos, artilharia… Me tornar uma referência!

Fale da adaptação ao novo país (questões de clima, comida, língua etc.)

Neto Pessoa – Creio que essa e a parte do processo mais demorada e lenta quando você sai do seu país. Na Malásia tudo é diferente: a comida, os costumes, a língua, o próprio futebol… Tenho tentado me adaptar a todo esse novo ambiente, principalmente na questão profissional. Mas sei que tudo é questão de tempo, e espero o mais breve possível me sentir em casa!

Todas as camisas de Neto Pessoa

O atacante Neto Pessoa em ação contra o Imperador Galvez, de Jeferson, pela Copa do Brasil-2019. Foto/Manoel Façanha

Plácido de Castro (AC) – 2012, 2013, 2014, 2015
Rio Branco (AC) – 2014, 2015, 2016
Andirá (AC) – 2015
Nacional de Muriaé (MG) – 2016
Atlético Acreano (AC) – 2017, 2018
ABC (RN) – 2019
Náutico (PE) – 2019
Ypiranga (RS) – 2020
Botafogo (SP) – 2021
Clube do Remo (PA) – 2021

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