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ELEIÇÕES

Nazaré Araújo, do PT, é a segunda entrevistada do AcreNews com os candidatos ao Senado: “Quero ser a voz do Acre em Brasília”

Publicado

em

Evandro Cordeiro

A procuradora do Estado Maria Nazareth Mello de Araújo Lambert, ou simplesmente Nazaré Araújo, filha do primeiro governador eleito do Acre, com a emancipação política em 1962, José Augusto Araújo, volta a disputar eleição esse ano, agora para o Senado. Ela é um dos oito nomes a disputar a cadeira única no Senado em jogo nessas eleições, pelo PT. Ex-vice-governadora do Acre na gestão Tião Viana, ela teve a humildade de aceitar o convite para “ir à luta”, mesmo sabendo das adversidades, com destaque para a rejeição de seu partido. Em entrevista exclusiva ao AcreNews, que abriu esse espaço democrática para apresentar os candidatos a Senador, ela fala tudo – ou quase tudo – sobre o que pensa em relação a situação política do momento. Entre outras, fala que uma de suas bandeiras será garantir, em Brasília, ser a voz do povo acreano.

Vamos a nossa conversa com a candidata:

AcreNews – Quem é a candidata Nazaré Araújo?

Nazaré Araújo – É uma mulher comprometida com as causas sociais, de justiça social e com a questão maior da gente trabalhar a erradicação da miséria, que está escrito na nossa Constituição Federal. Sou a esposa do Luiz, mãe da Louise, a filha da Maria Lúcia, que foi deputada federal constituinte pelo Acre, e do José Augusto, que foi o primeiro governador constitucional do Acre, constituinte. Nasci no Rio de Janeiro no período em que meus pais estavam cassados pela Ditadura Militar, e retornei ao Acre em 1982. Estudei no antigo CESEME, atual CERB, no seu ensino médio. Formei na Universidade de Brasília (UNB), em Direito, com uma especialização, uma habilitação específica em Direito Constitucional, pós-graduada em Direito Público e com outra pós-graduação em Competências Gerenciais pela Fundação Getúlio Vargas.

AcreNews – A senhora foi vice-governadora na última gestão do PT no Acre, depois de 16 anos, um momento de muito desgaste do seu grupo, tanto que perderam a eleição. Isso não pesou na hora de decidir voltar às urnas esse ano?

Nazaré Araújo – Não pesou na hora de decidir porque nós temos um trabalho de reconstrução da nossa democracia, melhorar a vida das pessoas que estão passando por um momento de grave ataque na sua sobrevivência. A miséria voltou, e está atacando a dignidade da pessoa humana. Fui vice-governadora no período de 2015 a 2018 e o Brasil, a partir de 2016, passou por um momento de uma grave crise nas suas instituições democráticas. As pessoas tiveram os seus momentos do Estado Democrático de Direito, fizeram as suas escolhas, e nós respeitamos isso. Nos colocamos agora como uma proposta, depois desse período de tanto ódio, pois o ódio não constrói nada. O que constrói realmente é um olhar de convergência, da prática das boas políticas e de princípios que a gente deve ter para formatar a possibilidade da convivência entre os diferentes na nossa sociedade. E como vice-governadora, mesmo diante de tanta crise que a gente enfrentou lá atrás, de contenção de recursos, de desfazimento de convênios, eu pude contribuir com políticas públicas de saneamento nos nossos municípios, de melhorias de ramais, de geração de pequenos negócios, de equipamentos para os produtores e de erradicação do analfabetismo.

AcreNews – Qual apelo a senhora usará para chegar a casa dos acreanos se apresentando como candidata ao Senado?

Nazaré Araújo – Defender nossas propostas, porque a população quer um compromisso de propostas daqueles que vão fazer a representação do povo acreano no Senado, junto à Federação. É o local onde o número de representantes é igual a qualquer Estado. E precisamos dessa representação forte, atuante e com compromisso de trabalho. Tenho um histórico de trabalho jurídico e político no Estado, e estamos fazendo essa campanha com base nas nossas propostas. Defendemos aquilo que é fundamento da nossa República, que é o combate para a erradicação da miséria. A Amazônia precisa muito de políticas que façam o reconhecimento daquilo que é regional e social. Temos um grande território nacional, mas não possuímos nem sequer 11% dos investimentos da Nação. Os moradores da Amazônia precisam de acolhimento, pois são eles que fazem a fronteira de nosso país, enfrentando diversas ações que precisam ser olhadas com carinho.

AcreNews – Quem lhe convenceu a disputar essa eleição?

Nazaré Araújo – Acima de tudo, o que me convence a disputar essa eleição é saber de um compromisso histórico, de vida que as minhas gerações sempre tiveram com o Acre. Dentro da questão partidária, os companheiros do PT sempre me pediram uma candidatura e me ofereceram algumas oportunidades de estar tanto em candidaturas proporcionais, quanto em majoritárias. Anteriormente, eu tinha feito a decisão, pelo tanto que as mulheres se sentem oprimidas nestes tempos em que estamos vivendo, de vir como candidata a deputada federal, dentro de um mandato coletivo de mulheres, trazendo a união dos movimentos sociais, de bandeiras como raça, gênero e meio ambiente. A partir do momento em que o Jorge Viana fez a opção e compromisso de vida em ser candidato a governador do Estado do Acre, junto com o Marcus Alexandre, que era candidato a deputado estadual, a Federação Brasil da Esperança me trouxe o convite para assumir a disputa pelo Senado da República, um lugar onde podemos fazer as correções políticas e para trazer investimentos até os pontos do Acre que mais precisam. Por conta desse compromisso de vida, eu aceitei ampliar essa jornada.

AcreNews – Qual a sua bandeira, como candidata a senadora?

Nazaré Araújo – Minha bandeira, dentro do Senado da República, é o compromisso de ser a voz dos acreanos e das acreanas, para que haja cumprimento do que está estabelecido na nossa Carta Magna, junto com o presidente Lula, fazer a representação no Senado para que a gente tenha a erradicação da miséria no nosso país, para que as pessoas tenham o direito e o livre acesso a políticas de desenvolvimento social, educacional e o cumprimento do resguardo das políticas públicas de saúde. Vou buscar um diferencial, dentro do SUS, que seja pago, pela União, aos médicos que desempenham sua função em regiões, como a Amazônia, nas mais distantes localidades, uma gratificação de localização especial no desempenho das suas funções, a fim de fixar esses profissionais no interior do Estado para o atendimento daquelas pessoas que mais precisam.

Vou lutar pela implementação do Banco da Mulher, que não é uma instituição bancária, mas o estabelecimento de fortes linhas de crédito, que tenham como fundamento, colocar as mulheres no empreendedorismo, seja ele o individual, micro ou o pequeno, com condições diferenciadas no âmbito fiscal, a fim de que elas possam ter a oportunidade de garantir o sustento de suas famílias. Quando homens e mulheres podem, da mesma maneira, dentro de uma sociedade, nós sabemos que essa sociedade vai além.

Quero também propiciar, que sejam implantados em todo o Brasil, centros de referência para os idosos, onde eles possam ser assistidos em suas velhices, com tratamentos continuados, como fisioterapia, assistência às famílias de pacientes portadores de doenças como o Alzheimer. Sabemos que nossa população sofre um processo de envelhecimento e precisa de conforto, carinho e cuidado nas suas velhices.

Quero ainda tornar nacional o programa Primeira Infância, para que a gente possa cuidar, por meio de um trabalho muito bem feito, carinhoso, das nossas crianças, desde o pré-natal até os 3 anos de idade. O acolhimento, pertencimento de um ser que chega em sociedade, é muito importante para que ele possa desenvolver suas funções executivas e possa estar bem nessa sociedade.

AcreNews – A história de vida da sua família tem um misto de muitas coisas, uma vez que seu pai foi o primeiro governador eleito depois da emancipação do Acre, mas foi cassado pelos militares e depois teria morrido em função das consequências daquilo tudo. No entanto, sua mãe, Maria Lúcia, foi uma parlamentar sobre a qual se tem ótimas notícias. Como é sua cabeça hoje quando esse passado vira aquele filminho na cabeça?

Nazaré Araújo – Muito interessante essa pergunta, porque, de fato, meu pai era um jovem, professor e que queria tudo de bom para o Acre. Sonhava, mas tinha atitudes também. Fundou o Banco do Fomento Agrário, o Banacre, que tinha essa função de auxiliar os produtores acreanos, prestar assistência a esse homem do campo, ao seringueiro, ao ribeirinho, que eram antes vistos praticamente como escravos, tinham situação de trabalho análogo ao escravo. Então, eu me pergunto se o Acre tivesse a oportunidade de ter contado com os 4 anos de governo dele, abrindo naquela época a oportunidade de crescer e se estruturar? Ele queria um Acre modelo do país. Trouxa e ideia da Universidade Federal do Acre. Então, a gente pensa como teria sido melhor o processo de ocupação do Estado do Acre, das políticas públicas com esse projeto. Infelizmente, veio o período da Ditadura, ceifou esse ideal e a vida dele, da nossa convivência familiar. Perdi meu pai muito cedo. Vi a luta da minha mãe para ser digna dessa representação. Mesmo com ele doente, ela se candidatou, em 1966, e foi eleita a deputada federal mais bem votada, e na época do fechamento do Congresso, pela AI-5, teve o seu mandato cassado também. Além da morte do meu pai, ela também enfrentou a cassação, comigo e meu irmão, o Ricardo, pequenos, para criar. E ela sempre foi muito forte, até para não me passar ódio a essas pessoas que não tiveram luz. E são informações que são muito fortes na minha vida. Em 1982, quando terminou o período de cassação, e minha mãe retornou ao Acre, eu pude conhecer os locais mais distantes da nossa terra com ela. E eu entendi o porquê desse compromisso de vida dela com as pessoas daqui, com a dignidade delas. A minha vida espelha esse compromisso.     

AcreNews – O que vocês, da antiga frente popular, que saíram bem desgastados em 2018, estão esperando do povo do Acre nessa campanha?

Nazaré Araújo – Esperamos o acolhimento. Uma proposta de trabalho, e de muita esperança no nosso povo, porque as pessoas, nestes 4 anos, ficaram num desalento. A gente vê crescendo o número de pessoas sem esperança de encontrar um posto de trabalho. As obras fazem estes postos de trabalho acontecer. É preciso entregar muitas obras públicas para a população, seja em saneamento, seja naquilo que significa a presença do olhar público, em prestação de serviços, em habitação, em todas as formas. E o trabalho é extremamente relacionado com a dignidade da pessoa humana, para que ela possa se sustentar e educar seus filhos. 

AcreNews – A senhora pretende uma cadeira da qual estará se levantando outra mulher, a Mailza Gomes, e será, pelo menos nos próximos quatro anos, colega de bancada dos outros dois senadores, Marcio Bittar (UB) e Sérgio Petecão (PSD), ao menos se eles não forem eleitos governador, já que estão na disputa. O que a senhora vai propor a eles para que os três juntos possam fazer em favor do Acre?

Nazaré Araújo – Espero que eles tenham disposição, para encampar as propostas que sejam boas para o povo do Acre. O representante público, acima de tudo, precisa pensar na nossa população, olhar além das questões partidárias ou de interesses pessoais. Quem faz a representação das pessoas no campo público tem que estar sempre aberto ao debate, à colocação das ideias. É preciso fazer um trabalho de busca ativa aonde estão as necessidades das pessoas aqui do nosso Estado. Precisamos dar acesso à saúde, a uma boa educação para poder gerar cidadãos que tenham um futuro melhor à sua frente. A pessoa precisa acordar acreditando nisso. E eu vejo que é possível fazer tanto pelo Acre. Por isso, o que os parlamentares precisam é se empenhar na busca do que é melhor para o Acre.

AcreNews – O que a senhora vê e espera de Lula e Jorge Viana?

Nazaré Araújo – Eu vejo no Jorge Viana, junto com o Marcus Alexandre nessa chapa para o governo, a disposição para o trabalho, a disposição para a inovação. Enxergando sempre novas ideias, novas propostas. O Jorge tem esse perfil inovador. E isso surge para modificar a nossa realidade, e trazer o que as pessoas mais necessitam: o trabalho, a educação, a dignidade. É fazer as pessoas voltarem a ter orgulho de ser acreano. E do Lula, eu já vi o trabalho que ele fez pelas pessoas, principalmente para que os mais pobres tivessem oportunidade de inclusão. Ele tirou o Brasil do mapa da fome. Mudou a vida de 19 milhões de pessoas. E vamos seguir adotando políticas de desenvolvimento social e regional, para que nós consigamos terminar com essa distorção. Então, eu espero sempre esse olhar de carinho, de atenção, de cuidado que ele teve no nosso Acre. Eu tenho certeza de que o Lula voltará a agir com esse compromisso de erradicar a fome no Brasil mais uma vez, de reconstruir as políticas públicas que foram dilaceradas. Eu espero que os governos do Jorge Viana e do Lula coloquem como meta a valoração da vida, para que as pessoas tenham felicidade.

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