GERAL
Depois de perder o mandato, ir parar na UTI, perder a irmã, duas tias e um primo, suplente de vereador quer voltar em 2024
Quem chega à cidade de Senador Guiomard, a famosa Quinari, 22km distante de Rio Branco, e encontra o ‘Tampinha Bittar’, uma das figuras mais alegres daquele povoado, se divertindo com amigos, não fará ideia do que ele viveu em um curto período de tempo entre os anos de 2020 e 2021. Foram tantos infortúnios que a fase chega a parecer um pouco com a história de Jó, o protagonista de uma das histórias mais dramáticas e inspiradoras do livro mais antigo da Bíblia Sagrada. ‘Tampinha’ se elegeu vereador naquele ano, depois de disputar sete eleições, mas não assumiu, perdeu uma irmã para o câncer, além de duas tias e um primo para a Covid-19 e o próprio ainda foi parar na UTI, com pancreatite.
O nome de batismo desse personagem da história do Quinari é Antônio Leildo Oliveira da Silva, de 45 anos, identificação por meio da qual ninguém o conhece em sua comunidade, trocada que foi pelo nome artístico de ‘Tampinha Bittar’, uma composição do apelido de menino com o sobrenome do político ao qual deve o apoio em todas as suas disputas eleitorais, o hoje Senador Márcio Bittar (UB).
Artista nato, com uma voz de locutor do Acrecap, ‘Tampinha’ é um multicultural, está sempre bem humorado, faz imitações e é conhecido por toda a sociedade guiomarense, também, pelo trabalho como promotor de eventos. Empresaria artistas da região e promove vaquejadas. Tanta alegria e desprendimento quase vira só saudade em 2021 quando, a beira de uma pancreatite, potencializada pela descoberta de pedras na vesícula, foi parar numa UTI. Graças a seu jeito de ser, toda a sociedade do município se mobilizou, juntou uma quantia significativa de dinheiro e conseguiram custear um tratamento urgente para salvar a vida do conterrâneo do bem.
Hoje, recuperado em parte de tantas perdas, leva o passado na esportiva, pra variar. “Estive no bico do urubu”, brinca sobre o momento em que por pouco não perdeu a vida. Se nao bastasse seu quase desterro, um rosário de tragédias ao seu redor compõe o capítulo mais funesto de sua vida. Em menos de um ano ele perde uma irmã para o câncer, duas tias, em um dia só, para a Covid-19, além de um primo, no decorrer de um mês. Tudo isso depois de perder o tão sonhado mandato de vereador, depois de quatro tentativas, além das três que disputou para estadual. Após festejar pela cidade em carreata, levantar outdoor com agradecimentos a população, o TRE optou por fazer uma recontagem e ‘Tampinha’ cai da lista dos eleitos por um voto. “Foi o voto da minha irmã que faltou. A bichinha estava no Hospital e morreria dias depois”, expõe o drama.
O drama terminou, como é para todos. ‘Tampinha’ está recuperado psicologicamente, depois de muito tratamento, está bem de saúde e se prepara para apostar outra vez na política. Será a oitava, a quinta pra vereador, em 2024. Está posicionado ao lado da prefeita Rosana Gomes (PP) e continua filiado ao Solidariedade, partido no qual disputou o pleito que diz ter vencido em 2020. “Acho que dessa vez Deus vai mudar minha história como ele fez com Jo, não querendo me comparar”, acredita um ‘Tampinha’ que já está em campanha, sempre utilizando a memória do pai, um sanfoneiro querido e conhecido na região chamado Chico Abidon, morto há oito anos.