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Conheça Cobija – A única capital boliviana que faz fronteira com o Brasil e que completa 116 anos de criação

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Foto: RAYLANDERSON FROTA – ContilNet

Por Wanglézio Braga / Fotos: Wanglézio Braga/Reprodução Rede Social

Única capital de um Departamento da Bolívia que faz fronteira com o Brasil, a cidade de Cobija completou nesta quarta-feira (09) seus 116 anos de fundação. Uma vasta programação foi planejada para comemorar a data, com atividades cívicas e sociais. Por conta disso, alguns brasileiros que pretende visitar a “Pérola do Acre” precisam ficar atentos às possíveis restrições de tráfego, de trânsito.   

Congratulando nossos leitores da fronteira e enaltecendo a existência de Cobija para o fortalecimento de alguns municípios do Acre, o AcreNews pesquisou um pouco da história da capital pandina, e apresenta curiosidades culturais, sociais e econômicas, além de dicas de turismo e lazer.

O SURGIMENTO DE COBIJA

Cobija foi fundada em 9 de fevereiro de 1906 pelo tenente-coronel Enrique Cornejo Fernández. Apesar de ter sido criada durante o período republicano, passou por um processo histórico “colonial”, de “semi-integração” e de “integração”.

Primeiro, recebeu o nome de “Puerto Bahia” (Porto Bahia) por ficar localizada às margens do Rio Acre, região do Seringal Bahia, grande produtor borracha na fronteira. Depois, em 1908, ganhou o nome de “Cobija” em homenagem ao porto perdido na Bolívia. 

De curioso, enquanto a cidade ganhava traços, foi “obrigada” a mudar de nome. O motivo? É que o primeiro escolhido causava ‘confusão’ nos embarques e mercadorias que chegavam da Europa, já que no Brasil havia um estado com o mesmo nome. Isso ocorreu por influência dos tempos áureos da borracha e da castanha. Ainda neste período, a localidade registrou grande fluxo de imigrantes. O que comprova a existências de postos consulares (Brasil, Itália, Peru e França), que mais tarde foram desativados.

Na região, a cidade é popularmente conhecida como “Pérola do Acre” (Perla del Acre) por ser nova, festiva e de clima tropical agradável. As palmeiras reais que encontramos pelas ruas dão ainda o título de cidade “tropical relaxada”.

O comércio é forte. A economia é baseada na Zona Franca, na agricultura e na pecuária. Sua população têm aproximadamente 100 mil habitantes. É considerada a capital mais jovem daquele país.  

SEM PASSAPORTE

Caso queria conhecer Cobija, não é obrigado a apresentar um passaporte ou ter autorização especial. O tráfego é livre para pedestres. Isso atende aos acordos bilaterais promovidos entre Brasil e Bolívia, sacramentado por meios de suas autoridades constituídas, que aboliram a exigência de documentos de imigração e outras medidas burocráticas.

 A AMIZADE É INTERNACIONAL

A ponte foi construída com recursos dos Governos do Brasil e da Bolívia (Wanglézio Braga)

A Ponte Binacional “Da Amizade” (Puente De La Amistad) foi inaugurada em 2006, e por si, representa muito bem as relações sociais e intenções entre brasileenses e cobijenhos. A ponte tem espaço para apenas um veículo e não permiti ultrapassagem de carros e caminhões pesados. No entanto, tornou-se um local de marco entre as cidades.

Antes de sua existência, fora construída a Ponte Internacional que interliga as cidades de Epitaciolândia e Cobija. Bem próximo dela, existe o posto da alfândega. O local não possui controle rigoroso de fiscalização. Mas, por muitos anos, foi o principal conector os dois países – Brasil e Bolívia.

PASSEIO BAIRRO JUNINHO

A arquitetura das casas e prédios chama a atenção dos seus visitantes (Foto: Wanglézio Braga / Reprodução Rede Social)

Muito mais que um simples caminho para os locais, o “Paseio Junin”, expõe na sua estrutura painéis que contam um pouco da “Revolução Acreana” ou “Guerra da Baía”. Não é permita a passagem de veículos, apenas de pedestres que podem apreciar a intrigante arquitetura das casas coloridas e ter contato com as palmeiras que dão um tom de cidade tropical. O local é ideal para tirar fotos tendo como plano de fundo o Rio Acre e a Ponte da Amizade.

POLO EDUCACIONAL

Cobija transformou-se, nos últimos anos, como um polo muito forte de educação. Entre as áreas, destaque para a medicina. Milhares de brasileiros atravessam quase que todos os dias as suas pontes para estudarem na Universidade Amazônica de Pando (UPA), principal estabelecimento educacional do departamento, ou em outras duas faculdades particulares. 

ZONA FRANCA

A capital pandina possui uma “Zona Franca”, a Zofra de Cobija. Nos comércios encontram-se produtos e mercadorias vindas do Chile, Brasil, China e Estados Unidos. Do nosso país, 42,9% dos produtos exportados são alimentos e 28,6% são materiais de construção. Segundo o governo, cerca de 90% dos compradores das mercadorias na Zona Franca é de nacionalidade brasileira.  

No centro comercial, na Avenida 9 de Fevereiro paralela a Avenida Tenente-coronel Enrique Cornejo é possível ter opções de lojas e galerias especializadas em roupas, artigos para casa e importados. O visitante não precisa cambiar o real para a moeda local. Como dica, veja a cotação do dólar para o dia. Nos últimos anos, o Real desvalorizou e diminuiu o poder de compra.

PARQUE PIÑATA

Local para passeio em família, possui infraestrutura e segurança(Foto Wanglézio Braga)

Uma das opções de lazer urbano, o Parque Piñata recebeu este nome em homenagem a um jovem que morreu num confronto com a polícia. Durante o dia, o destaque fica para a arquitetura e a possibilidade de fazer caminhadas por seus inúmeros circuitos. Um arco-íris de concreto foi erguido para enaltecer as múltiplas culturas da sociedade. Já no período da noite, os restaurantes, as lanchonetes e a brinquedoteca ganham a preferência das famílias.  

PRAÇA DAS ARMAS GERMAN BUSCH

A região abriga os palácios do Governo de Pando e a Prefeitura de Cobija (Wanglézio Braga/ Reprodução Rede Social)

Também conhecida por Praça Central, o espaço reúne as sedes dos poderes legislativo e executivo. De um lado, o Palácio do Governo de onde despacha o governador, Papito Richter e a vice-governadora, Ana Paula Bezerra.  Do outro, Ana Reis, a ‘Alcadesa’, que corresponde ao cargo de prefeita, realiza suas atividades no Palácio de Cobija.

A praça comporta ainda a Casa Paroquial Nossa Senhora do Pilar (1930). É um dos prédios mais antigos. Por lá, é possível conhecer um pouco da histórica do surgimento de Cobija tendo em vista que possui um quadro ilustrativo relatando como ocorreu o processo de criação da cidade.

MONUMENTOS

El Carreton e o Columna Porvenir são pontos turísticos que valem apena conhecer (Fotos: Wanglézio Braga)

Por onde andar em Cobija, o visitante vai encontrar monumentos que exaltam figuras públicas, políticas e de épocas distintas. Para ter dimensão, as estatuas estão fixadas até nas rotatórias da cidade.

Um ponto que você não pode deixar de conhecer é o Monumento aos Heróis da Bahia. O espaço localiza-se na frente do Parque Pinãta, foi construído em homenagem à Columna Porvenir, movimento composta por empresários da borracha, seringueiros e camponeses bolivianos que defendeu o território à época da Revolução Acreana.

Bem próximo do Columna, conheça o El Carreton (O Boiadeiro). Este retrata as carroças, responsáveis pela ocupação das terras no norte da Bolívia e o êxodo rural. À época, os deslocamentos eram feitos com o uso dos “Carretones”, carroças de tração animal. Para não cair no esquecimento, o governo ergueu o monumento bem no meio da Avenida principal.

HOTEL AÇAÍ, ‘ASAÍ’

A rede hoteleira em Cobija é uma das melhores da fronteira (Foto: Wanglézio Braga)

Muito mais que um simples hotel, o espaço é ponto de encontro para empresários e políticos. Vez e outra, para fugir dos holofotes da imprensa acreana, alguns políticos do Acre marcam reuniões nas instalações. Um centro de convenções, que tem capacidade de reunir mais de 100 pessoas, é usado ainda por empresas e pelos Governos da Bolívia.

O hotel que recebe o nome de um fruto da Amazônia Internacional dispõe de área de lazer e oferece aos hóspedes e visitantes, opções de contato com a natureza por meio do pequeno bosque. Os quartos são em forma de chalés. Pouca gente sabe, mais o Hotel Asaí é administrado pela prefeita de Cobija, Ana Reis. Ele também é ponto de hospedagem oficial de presidentes do Estado Plurinacional da Bolívia.

AEROPORTO

O aeroporto recebeu este nome em homenagem ao piloto nascido em Cobija (Foto: Wanglézio Braga)

Bem próximo do Hotel Asaí, encontramos o único Aeroporto de Cobija que recebeu o nome de Capitão Aníbal Arab Fadul. O espaço opera voos domésticos para La Paz, Santa Cruz de La Sierra e Cochabamba. Apesar de passar por grande restauração e ganhar ares de mais moderno, o terminal é bastante básico; Um salão público, um setor de partidas e chegadas, check-in e balcões de informações gerais e turísticas.

Importante: por conta da Pandemia do novo coronavírus, as autoridades pedem a comprovante de vacinação ou que o passageiro apresente um resultado negativo do teste de COVID-19 antes da viagem. Há registros de brasileiros que foram barrados ou que foram cobradas propinas para poder seguir com a viagem.

LOCOMOÇÃO EM COBIJA

O transporte público em Cobija é barato, porém, demorado e confuso. A cidade não dispõe de ônibus como em Rio Branco. Pequenas vans realizam o serviço. Com poucas moedas, os locais podem se locomover de norte a sul em questões de minutos. Não existem identificações de transporte público e paradas especiais. Para ter acesso, basta fazer sinal com as mãos, que o motorista negocia os preços e a rota.

Táxi ou Mototáxi são outras opções. A frota é bastante antiga, porém, é possível que o taxista busque ou deixe você, no Brasil, em Epitaciolândia ou Brasileia. O ideal é negociar os preços antes de embarcar. De curioso, pegar um mototáxis é fácil e prático. Por lá, não é obrigatório o uso do capacete.

ESTÁDIO DE FUTEBOL

O único estádio de futebol da cidade reúne outras modalidades esportivas (Wanglézio Braga)

Recém-inaugurado, o Estádio Jordan Roberto Cuéllar consumiu anos para ser construído. O local recebe durante o ano, os jogos especiais e os torneios principais da Bolívia. Além de um campo de futebol com suas belas arquibancadas, o espaço abriga também lanchonetes, ponto de turismo, lojas, academia e na frente, o turista pode alugar motocicletas. Os preços variam entre R$ 15 a R$ 30 reais, 60 minutos.

BIO-PARQUE SAHUADA

Um dos destinos preferidos das famílias de Cobija (Reprodução – Abel Guzman)

Poucos brasileiros conhecem, mais um dos lugares mais interessantes para quem deseja ter real contato com a natureza ou simplesmente relaxar com a família, a dica é passar um dia no Bio-Parque Sahuada. O local oferece circuitos de cordas, piscinas, restaurantes, quadra de esportes, passeios de barcos e possibilita ainda a observação de pássaros e plantas da floresta amazônica.    

DESFILE ESPECIAL

Desfiles marcaram os 116 anos de Cobija (Fotos Reprodução- Rede Social)

Durante toda a semana diversas manifestações culturais foram programadas para o aniversário de 116 anos de Cobija. Nesta quarta-feira, houve desfile cívico que reuniu milhares de pessoas nas avenidas principais, com direito a manifestações culturais realizadas por diversos seguimentos. Autoridades locais e os convidados das cidades de Epitaciolândia e Brasileia marcaram respectivas presenças. Nas redes sociais da Prefeitura de Cobija, a agenda completa foi publicada. Vale conferir.

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