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Ela perdeu o marido pra Covid, entrou em depressão e está virando o jogo voltando a viver a família e, acredite, praticando futebol

Publicado

em

Evandro Cordeiro

A bola sempre foi a paixão do pai da Sônia Freitas, o seu José Belta de Freitas, o “Bega”, como era conhecido um dos mais prósperos agricultores da região do Barro Vermelho e Piçarreira, nos anos 1970 e 1980. “Bega” tinha um campo de futebol em casa, as chuteiras, a bola e o camisário. Sábado e domingo o compromisso dele era com o futebol e o Pancão Futebol Clube, time que fundou. Era um zagueiro durão, que se inspirava no Piaza, campeão mundial em 1970 com a seleção brasileira no México, segundo me disse certa vez, antes de morrer há dez anos. A Sônia é a única filha mulher dele e, diferente dos cinco irmãos homens, nunca gostou da prática futebolista. “Eu assistia eles jogar e na TV alguma vez assistia à seleção, mas nunca pensei em jogar”, diz ela. Hoje, aos 57 anos, está amando bater bola. E tem uma bela razão pra está gostando da “pelada”: foi no campo que ela se reencontrou com a alegria de viver, depois da depressão após a morte do marido de Covid e com quem vivia há 39 anos.

Sônia com a professora Francilene, um anjo da guarda

Sônia Maria Paiva de Freitas é mãe do Alessandro e da Alessandra Freitas Pereira e avó da Enny Evillly. Mora com eles no bairro Adalberto Aragão em Rio Branco e não fosse pelos três e agora o futebol ela afirma com divisão silábica, teria morrido. É que o marido dela, José Evangelino Pereira, 72 anos, com quem casou há 39 anos, perdeu a vida no ápice da Covid. “Ele saiu daqui pra ir tomar uma injeção e nunca mais vi, nem vou ver meu velho. Lá internaram, lá ele morreu e eles mesmo enterraram meu marido. Claro: entrei em depressão. Chegou um momento que não queria mais viver. Não fosse meus filhos, não sei se estaria viva”, conta ao AcreNews.

Praticando sua nova paixão, o futebol, um ‘santo remédio para depressão’

Aos 57 anos, a Sônia, que é moradora do Adalberto Aragão há pelo menos 30 anos, está se levantando do baque, pela ordem, com a ajuda de Deus, dos filhos, dos vizinhos e agora, de sua nova paixão, o futebol. Diz ela que a professora Francilene Araújo, que faz um trabalho social no bairro, reúne as mulheres às 5 da manhã para pelo menos uma hora de exercícios. Todas são convidadas. Antes da bola tem os exercícios de alongamento e em seguida a pelada. “O exercício é bom, mas a bola é melhor ainda”, diz a Sônia empolgada, que fica ansiosa esperando a madrugada que é dia do encontro. “Hoje entendo porque meu pai era tão apaixonado por futebol. É muito bom. Quando entro em campo, esqueço os problemas da vida e isso está melhorando muito meu dia, abaixo da ajuda de Deus”, diz ela. “Agradeço a Deus pela vida da professora Francilene. Ela está sendo um anjo na nossa vida”, segue em agradecimentos.

Como filho de peixe, a Sônia, diz a professora, é boa de bola. Como tem outras vizinhas que também praticam bem a arte, as amigas já pensam até em uma equipe para representar o bairro. Mas essa é uma outra história, que começa a nascer com o sumiço da depressão e daquela dor que a Sônia diz que sentia todo dia, revoltada com a morte do marido. “Quando a gente entra em campo, é bom que fique claro, não é só eu que tinha problemas. Tem outras amigas que também estão superando traumas. Por isso o que vier daqui pra frente é lucro”, finaliza a Sônia do “Bega”, como era conhecida na adolescência, lá no Bairro Vermelho e na Piçarreira.

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