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O FORREST GUMP DO ACRE Vítima de depressão profunda após a morte da mãe, árbitro de futebol se reencontra com a vida correndo

Publicado

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Por Evandro Cordeiro

Às 5 da manhã do dia 11 de outubro de 2017, véspera do Dia de Nossa Senhora, o árbitro de futebol e sonoplasta Demosthynes de Souza Miranda, então com 35 anos, sofreu aquele que terá sido o golpe mais duro de sua vida, ao ser acordado pelo telefone com a fatídica notícia segundo a qual sua mãe, dona Ruth de Souza, acabara de falecer, aos 64 anos, na casa de uma amiga, de infarto fulminante. Espírita, assim como o filho, ela “desencarnou sem avisar”, conforme ele relata hoje, três anos e pouco depois, bem mais aliviado e conformado que naquela sinistra madrugada. Atualmente, inclusive, Demosthynes está em outro patamar. Emagreceu dezenas de quilos e se transformou em um corredor de maratonas cujas passadas e resistência começam a chamar a atenção, até, da imprensa nacional, decorrência dos recordes batidos pelo próprio dentro do território do Acre. Até alcançar esse novo momento, no entanto, a vida lhe aplicou lições marcantes. “Vivi um inferno”, resume o período. Os detalhes desses infortúnios o corredor contou ao Acrenews em entrevista pelo telefone, para seguir protocolo sanitário imposto pela pandemia do coronavírus.

Demosthynes Miranda nasceu em Rio Branco em 1982, na maternidade Bárbara Heliodora. Na adolescência, muito apegado ao esporte, sonhou com a carreira de jogador de futebol, que realizou ao jogar no infanto-juvenil do Juventus e depois no Independência, entre outros clubes de menor expressão. Filho de um jogador de futebol, Waldir Miranda, que fez carreira em Manaus, atuando por clubes como Nacional e Fast, e no Acre em Independência e Juventus, Demosthynes conviveu com a bola por toda a adolescência, até ter que parar aos 16, 17 anos, para trabalhar. Virou sonoplasta, profissão que cultiva até hoje, dividindo entre arbitragens e as duas faculdades que tenta concluir há algum tempo: educação física e serviço social.

A vida pacata e a leveza da rotina sofreram um forte impacto em 2017, com a morte da mãe. “Naquele dia saquei que minha vida mudou. A partir dali notei que iniciava uma nova história. Foi tudo muito estranho”, lembra. Demosthynes passou a sofrer de depressão, sem ele mesmo saber. Seu comportamento estranho chamou a atenção de amigos e conhecido. Muita gente fugia dele, à época, alguns desconfiando que ele poderia estar na “vida errada”, transliterado para a realidade como uso de entorpecentes. Quando abriu os olhos, estava em depressão profunda, pesando o dobro do peso e se afundando diante daquilo tudo.

Menos de um ano depois da morte da mãe, ele caiu em si. “Após ser muito criticado, devido minhas condições físicas na arbitragem local não ser favorável, aceitei em mim que o momento era preciso mudar a página da minha vida”, conta. Além da ressaca moral pelo “desaparecimento” da genitora, ele tinha outro inimigo a combater, a doença do pai. Seu Waldir sofreu dois infartos, sobreviveu por algum tempo, mas não escapou. “Após sofrer os infartos, se agravou nele o Alzheimer, que seria irreversível”, conta sobre o novo drama. Foi outro recomeço. Aí foi que veio a brilhante ideia de correr para espantar tanta fase ruim. Vieram os convites de grupos e o nosso Forrest Gump, personagem de um filme da década de 1990 que supera a doença da infância e os dramas que a vida lhe impôs, começa a correr pelo Acre. Em 2020 ele conseguiu superar os mil quilômetros.

A superação, segundo Demosthynes, transformou sua vida por completo. Ele, inclusive, já se coloca como referência para outras pessoas submetidas a dramas equivalentes. “Estou dando um exemplo de força e fé. Sempre digo: nunca desista. O segredo do sucesso está no seu próprio caminho, aquele que você percorre diariamente”, aconselha.

CONVITES PARA MARATONAS E PROJETO OUSADO

O Demosthynes é casado e pai de três filhos. Precisava levantar a cabeça depois de perder a mãe e assistir o drama do pai, que, COM Alzheimer, não reconhece mais ninguém. Juntou a força de vontade de mudar com os convites e, tchan! Foi fatal. Mudou sua história. O grupo Anjos do Asfalto, além de outros amigos incentivaram ele a fazer maratonas. Mas precisava para isso perder grande quantidade de peso. Os 110 quilos adquiridos no período da depressão impediam a prática de esportes. “Tomei a decisão e parti”, conta.

Na atualidade, Demosthynes figura entre os poucos que correm maratona no Acre. “Os irmãos Ney e Ediney, responsáveis pelos Anjos do Asfalto, são idealizadores de um movimento de atletas de rua que existe no Acre e que pouca gente conhece. Eles já são ultramaratonistas. Tem umas meninas também do grupo que se destacam nas corridas”, conta o corredor. E comemora: “O que me deixa mais feliz é que outras pessoas aqui também estão conseguindo o objetivo de correr uma maratona ou uma ultra, em distâncias que variam entre 42.195 km a 50 km. Isso me deixa muito feliz”.

Demosthynes já corre uma média de 20 km por dia e 60 km de bicicleta por semana. Isso, somado às corridas que participou em 2020 deram a ele um acúmulo de mil quilômetros durante o ano.

PROJETO É CORRER ENTRE MÂNCIO LIMA E ASSIS BRASIL

A pandemia tem segurado muito a prática do esporte. Com os maratonistas não foi diferente, mas o sonoplasta e árbitro de futebol Demosthynes Miranda está planejando um futuro grande. Pelo menos para ser colocado em prática em 2022. A ideia, que ainda envolverá patrocínio, parceria com imprensa, inclusive a nacional, é correr entre os municípios de Mâncio Lima, no Oeste do Acre, região do Juruá, até Assis Brasil, ao Sul, na dívida do Brasil com o Peru.

O percurso entre os dois municípios, localizados nos estreamos do Acre, é de 960 km, aproximadamente. É esse trecho que o ex-depressivo Demosthynes, hoje com a autoestima nas nuvens, quer fazer na companhia de outros maratonistas. Ele está estudando todas as possibilidades para poder fazer o trecho. “É preciso estudar bem estudado para encarar um desafio desse”, diz.

DESAFIOS SUPERADOS EM 2020 E PARA SUPERAR EM 2021

Realizado

O primeiro desafio ultra foi realizado em uma corrida saindo da cidade de Bujari, com largada as 4 da manhã, passando por Rio Branco e chegando em Senador Guiomard às 11:40 mim, no aniversário do Estado do Acre em 2020.

A realizar

Os próximos desafios, para 2021, são: correr 59 km no aniversário do Estado; dia 7 de agosto uma maratona de 100 km e dia 28 de dezembro, 139 km no aniversário de Rio Branco.

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