Professor Raimundo Ferreira escreve sobre o “Império dos Chimpanzés”

O primeiro episódio foi lançado no último dezenove de abril, com cenário na floresta de Uganda, com os personagens da comunidade primata de Ngogo. Trata-se do maior bando de chimpanzés já encontrado até hoje, com mais de cem membros, a série tem o nome de Império dos chimpanzés. Na sociedade humana, conforme somos sabedores, o que não falta é conflito em todos os setores, em todas as classes sociais, especialmente na esfera da política, e o que menos se constata é o entendimento e a harmonia meio às relações sociais, e por inclusive que possa parecer, muitos desentendimentos e desarranjos na dinâmica e funcionamento da sociedade organizada, se dá exatamente pela não observância e obediência às leis e regras da natureza. O recado que essa série nos traz, acreditamos inclusive que os próximos episódios serão ainda mais reveladores, é que não é só a sociedade humana, que se diz organizada, que enfrenta problemas de autoritarismo, de disputa por poder, problemas políticos, desrespeito a hierarquia, inveja, traição, conspiração, necessidade de controle familiar, luta pela sobrevivência, escassez de alimentos, demonstração de força para impor autoridade, disputa por território, entre outros. Na sociedade complexa e também organizada dos primatas de Ngogo os mesmos problemas são enfrentados e diante dessas circunstâncias que envolve a sociedade dos chimpanzés, que são semelhantes a vários aspectos dos nossos problemas, os primatas demonstram com muita propriedade e clareza que, além da necessidade de se obedecer as leis naturais – respeitando as circunstâncias das estações do ano, do momento certo para procriar, da administração da escassez em algumas épocas, da economia de energia para utilização no momento oportuno, existe um aspecto, no mínimo curioso, que é de alguma forma, o reconhecimento do líder quando perde a capacidade para comandar o bando, muito embora aconteça disputa (lutas corporais), mas nessa hora ele percebe que será substituído e vai perder o comando, apesar de poder continuar fazendo parte da comunidade. Vale ressaltar, que apesar de haver estas rupturas ‘naturais’ no comando da sociedade primata, mas a vida segue e naturalmente tudo se ajusta ao comando do novo líder.

No caso dos humanos, apesar dos problemas acontecerem com algumas similaridades, mas, a retomada da normalidade, geralmente se dá de forma muito mais traumática, havendo casos, que a volta ao curso normal da plena harmonia e paz, pode demorar até uma geração. É bem possível que seja necessário os humanos aprenderem a estreitar os laços e firmarem alianças para melhor convivência, uns ‘catando’ os outros, em vez de partir para o diálogo e o atendimento às legislações, que se alteram constantemente, ao sabor dos interesses. De qualquer modo, aconselhamos assistir esse primeiro episódio e aguardar os próximos, pois, sem dúvida a sociedade dos chimpanzés agem, sobrevivem e resolvem seus problemas de forma muito mais prática e inteligente, do que nós enfrentamos nossos contratempos.