ELEIÇÕES
Programa de Governo: O que eles querem do Turismo do Acre?
Por Wanglézio Braga
O Acre é vizinho de dois grandes pólos de turismo da América Latina: o Amazonas e o Peru. Ambos enxergaram nas suas riquezas (Floresta Amazônica e na Cultura ancestral) oportunidades de desenvolvimento econômico. Quando saímos da bolha da ingenuidade, logo constatamos que o turismo sob os aspectos econômico e social, tem a capacidade de gerar empregos, distribuir renda, captar divisas e proporcionar a melhoria da qualidade de vida das comunidades. Assim, o turismo é visto como parte constitutiva de um processo de desenvolvimento de um estado.
Pensando bem, o turismo engloba muita coisa; Desde um boteco de esquina até lugares inimagináveis como os cemitérios. A prova disso vem da Argentina, do Cemitério La Recoleta, com exploração do patrimônio artístico e arquitetônico dos túmulos. No Brasil, o Cemitério da Consolação em São Paulo explora as personalidades históricas ali sepultadas. Ambos movimentam milhões de dólares todos os anos.
Nas bandas de cá, do Acre, temos vários lugares importantes e contextos históricos únicos que deveriam ser mais explorados. Muito mais que fazer gerenciar os recursos do setor do turismo, da pasta, é preciso entregar boas condições aos turistas. E a falta de compromissos das gestões governamentais, dos últimos anos, penaliza o setor e pelo visto essa ferida vai continuar aberta.
Chegando ao Aeroporto de Rio Branco que possui título de internacional, não existe um balcão de informações turísticas com atendentes e material publicitário. O turista que andar pelas ruas da capital, vai precisar de muita internet e boa vontade dos populares para pegar informações e acessar esses dispositivos turísticos. Faltam placas de sinalização específicas. A grande maioria dos pontos como museus fecharam as portas ou entraram em reforma. Os poucos que estão abertos precisam do básico: Limpeza e iluminação.
No interior, a situação é bem mais delicada. A Casa de Chico Mendes é um dos exemplos que precisamos mencionar. Nos pontos, nas ruas, nas esquinas, assim como no Peru ou no Amazonas, não encontramos com facilidade os agentes turísticos, os famosos guias. A gastronomia que deveria ser usada também como fonte nesse modal, segue a velha prática de não ser aproveitada como se deveria. Restaurantes no Acre fecham cedo. Bares e boates com “limites” de horas de funcionamento. A pouca rede hoteleira, essa precisa cobrar preço justo para quem paga caro com passagens para pousar nas bandas de cá.
A seguir com o enredo, pelo visto, a maioria dos candidatos ao Governo do Acre e seus respectivos partidos trataram, mediante aos planos de governos apresentados na Justiça Eleitoral, com desleixo o setor. Apenas três apresentaram resoluções sérias ou propostas essenciais para alavancar o setor. E teve plano que a palavra “turismo” nem mesmo foi mencionada. Leia a seguir as propostas dos candidatos:
– Reformar e Requalificar Pontos Turísticos como, por exemplo, Museu de Xapuri, Museu dos Povos Acreanos, Tentamen, edificações ao longo do Canal da Maternidade.
– Apoiar iniciativas indígenas sustentáveis de etnoturismo e de ecoturismo, inclusive com capacitação das comunidades indígenas para gestão dessas atividades.
– Elaborar e implementar o Plano Estadual do Turismo, promovendo turismo gastronômico, étnico, religioso, desportivo, dentre outros.
– Reestruturar os Centros de Atendimento ao Turista (CAT) nos municípios do Acre; Promover a Divulgação dos Produtos Turísticos do Estado por meio da realização de campanhas de marketing.
– Apoiar a Indústria do Turismo e estabelecer parcerias com a iniciativa privada para viabilizar seus diversos setores.
– Revitalizar o Patrimônio Histórico, Turístico e Cultural e garantir a infraestrutura de acesso aos atrativos turísticos do estado.
O plano de governo do PT não destina uma área específica do documento para a área do turismo. Tanto é que a palavra “turismo” aparece pouquíssimas vezes no plano. Entre uma colocação e outra, a Federação fala que tem “compromisso com o turismo, com o artesanato, com os negócios inovadores, com os empreendedores, que passarão a ter um novo olhar e uma ação diferenciada e arrojada em nosso governo”.
Por fim, diz que vai “impulsionar a economia criativa, a economia solidária, o turismo que precisa de uma atenção especial e é muito promissor no nosso Acre, e preparar melhor o setor de comércio e serviços, que cresce e se movimenta em função de uma economia dinamizada e em bases sustentáveis”, mas não disse como.
– Incentivos fiscais e linhas de crédito para que empresários locais invistam na melhoria e incremento do setor hoteleiro e infraestrutura turística.
– Promoção de peças publicitárias para divulgação de calendários de eventos (indígenas, religiosos e agropecuários), estimulando o fomento da economia local.
– Criar roteiros nas regiões com potencial turístico.
– Fortalecer o ecoturismo, turismo religioso, turismo rural e o etino turismo nas regiões com vocações para os segmentos.
– Promover e divulgar o Acre como destino competitivo para investimentos nacionais e estrangeiros, com participação em feiras e eventos no Brasil e no exterior. Adotar medidas que tratam da estruturação e fortalecimento desses setores, como exemplo: isenção fiscal e ICMS.
– Promover e incentivar feiras e espaços voltados para os micros e pequenos empreendedores, e ainda os atores da economia informal, em parceria com órgãos do Sistema “S” (Sebrae, Sesc, Senac e Senai). Os espaços serão voltados ainda para o lazer, turismo e entretenimento.
– Desenvolver e melhorar a qualidade das rotas turísticas mais estratégicas do Estado; Elaborar e implementar plano de marketing turístico para promover o Estado.
-Desenvolver aplicativo que apresente as rotas turísticas e estimule o consumo dos bens culturais do Estado.
– Integrar o calendário turístico local ao calendário internacional, visando atrair para nossos destinos o fluxo intenso já consolidado nos países vizinhos.
– Explorar e desenvolver o potencial gastronômico do Estado, como diferencial para atração turística e valorização cultural.
– Realizar um plano de investimentos com objetivo de melhorar a infraestrutura das áreas do Turismo de Base Comunitária (Serra Do Divisor, Trilha Chico Mendes, Rio Croa).
– Apoiar o turismo em comunidades indígenas através da implementação do Desenvolvimento Sustentável do Turismo Indígena Acreano.
– Implementar programa de formação e capacitação continuada para o Turismo.
Realizar um plano de investimentos visando recuperar a APA Amapá em seus elementos turísticos, constituindo na referida área, periférica à capital, um polo de entretenimento e fluxo de visitantes.
– Estimular as vocações locais de bioeconomia, fluxos produtivos sustentáveis, ações de infraestrutura, logística, turismo, capacitação, PD&I e promoção comercial.
O plano de governo do União Brasil não possui uma área exclusiva para a temática do turismo. No entanto, o documento cita apenas o recurso no valor de R$ 4.965.177,85 enviados pelo Governo Federal. A palavra turismo apareceu apenas uma vez em todas as 11 páginas do plano de Governo do candidato Márcio Bittar.
O plano de governo do AGIR possui, no total, 41 páginas e em nenhuma delas possui propostas ou até mesmo cita o setor de “turismo”.
O plano de governo do PSOL/Rede não citou ou destinou propostas para o setor. De pronto, das 22 páginas que o documento possui, o plano cita o “ecoturismo como uma iniciativa que poderão ser criadas cadeias produtivas regionalizadas, com potencial de gerar empregos mais qualificados e investimentos em novas tecnologias”. O documento não dá a receita de como o candidato, caso seja eleito, vai trabalhar no setor.