VEDRANA PERES
Vedrana Peres: A unidade inspirada por motivos errados é na verdade uma semente de divisão
O efeito colateral da religiosidade é a justiça própria. Justiça própria é o maior inimigo do TEMOR de DEUS, deixando-nos insensíveis aos nossos pecados, fazendo-nos achar que estamos certos, quando na verdade estamos pecando pelo exagero. Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo? (Ec 7:16)
Paradigmas errados que se baseiam na justiça própria têm o poder de destruir a nós e nossos relacionamentos. Temos uma geração muito grande que, apesar de estar dentro de igrejas, ainda está cega em relação aos próprios pecados, e ainda assim, se achando a melhor. Mesmo na prática de pecados como superioridade, crítica, intelectualismo, prepotência, pessoas se acham uma benção. Por baixo dessa casca de religiosidade existem muitas feridas que ainda não foram verdadeiramente remediadas. “Há uma geração cujos olhos são altivos, e cujas pálpebras para cima” (Pv 30:13)
Grandes resultados muitas vezes despertam orgulho e superioridade nas pessoas imaturas. Desencadeiam um processo de fragmentação. Cada qual começa a pensar que é predileto, superior, dono do mover de Deus, senhor de toda a verdade, salvador do mundo, detentor de uma doutrina perfeita. Soberba nada mais é que casca de uma ferida. Onde existem feridas, normalmente vai se manifestar a autoafirmação e a soberba. Do orgulho vêm muitas decepções, ciladas, quedas e escândalos. Essa é uma lei que não será quebrada: “A soberba precede a destruição, e a altivez do espírito precede a queda” (Pv 16:18). Eclesiasticamente, isso traz uma terrível desorganização para o corpo de Cristo. Posições passam a ser vistas baseadas a um jogo, a uma arena. O poder passa a ser mais importante que a autoridade. Personalidades carismáticas apagam a importância do caráter. Pessoas erradas, em posições erradas, com vocações inadequadas vão fazer um estrago no corpo de Cristo. O efeito colateral da competição nada mais é do que a divisão, tudo isso vem do orgulho. Para isso, as pessoas certas são perseguidas e sacrificadas. Quando sacrificamos a submissão, sacrificamos nossa herança, sofrendo perdas profundas no campo da identidade. Tem sido comum vermos pessoas que, após crescerem espiritualmente um pouco mais, se acham melhores que seus líderes. Por que a unidade é tão difícil? Porque ela exige humildade. Quando há reconciliação a unidade, a revelação de Deus vem e as pessoas são salvas. Infelizmente há pessoas que se coloca no lugar de Deus, como seu porta-voz, impondo seus desígnios. Por isso, um dos principais atributos trata-se não apenas convencer as pessoas, mas as constranger, intimidar e controlar. Apesar de exercer o seu controle em nome de Deus, cria-se um clima ministerial insuportável, onde a liberdade das pessoas vai se extinguindo, o que é um sintoma da ausência do Espírito Santo.
Suas palavras e direções passam a ser “lei”. Pessoas passam a tomar parte no que é induzido a fazer, sem nenhum peso na consciência. Em troca, essas são acobertadas nos seus deslizes e pecados, que nunca serão confrontados, porém premiados com posições privilegiadas.
Enquanto desfruta da superproteção, essas pessoas saem vitoriosas e ilesas do conflito, na maioria das vezes vão esmagando aqueles que resistem. Coloca-se na defensiva, em pé de guerra e reage com fortes acusações, para desmoralizar seus oponentes fazendo uso de acusações, mentiras e intrigas. O intuito é tirar outras pessoas de campo, para que sintam culpadas quando na verdade, estão certas, levando-as a abandonarem tarefas e posições legítimas. Tudo é muito espiritualizado é tão sútil, que as próprias pessoas não conseguem perceber a maneira como estão sendo manipuladas.
“Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento? “
(Jó 38:2)
Temos ouvido Deus por palavras, é necessário abominar nossas ações de altivez. Nossa arrogância obscurece a nós mesmos, proferindo nosso próprio conhecimento, cuja profundidade ou intenção jamais conseguirá medir a grandeza de Deus. Entenda, não está em nosso poder, com toda a discrição e habilidade, evitar o problema que Deus determina. Os problemas chegam aos filhos dos homens de acordo com o propósito de Deus, mas o bem também chega. Pare de tentar evitá-los ou buscar a resolução por suas próprias mãos, as ordenanças de Deus sem duvidas devem acontecer. Se não podemos alterar nada, devemos nos curvar e nos submeter.“Invalidarás tu também o meu juízo? Condenar-me-ás para que possas ser justo?” (Jó 40:8) Considera isso em teu coração, que o Senhor é Deus. Porque fizerdes mal aos olhos do Senhor vosso Deus para provocá-lo à ira condenando a si mesmo? Jamais haverá nenhum justo, não, nem um. Você nunca irá se gloriar em Deus até que, antes de tudo, Deus tenha eliminado a sua glória em si mesmo. Escrevo ao final, antes que seja tarde demais, não endureça o seu coração para o exercício corporal, essa vangloria para pouco se aproveita, mas a piedade para todas as coisas é proveitosa. Contemplai o juiz que está à porta. Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo o bem, possais silenciar a ignorância dos homens insensatos. Como livres, e não usando a liberdade como uma capa para a malícia, mas como servos de Deus. Aparte-se do mal, e faça o bem. Não existe unidade duradoura quando os motivos são errados. Por mais que o princípio seja certo, uma motivação corrompida instaura o caos. A unidade inspirada por motivos errados é, na verdade, uma semente de divisão e confusão. É importante acrescentar que nem sempre o diabo é o autor da divisão. Deus também executa a divisão como um juízo que condena nossas motivações obscuras e corruptas. Cuidado a se referir à obra de Deus, a atitude interesseira de edificar a si mesmo, isso é perigoso. A motivação encoberta de edificar para você, apenas expressa uma rebelião aberta contra o senhorio de Cristo.