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SAÚDE

Veja quais os sintomas da dengue, os cuidados a serem tomadas e como evitar

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O Brasil vive uma explosão de casos de dengue neste começo de 2024. Até 30 de janeiro, o Ministério da Saúde registrou 217.481 casos. No mesmo período de 2023, o país somava 65.366 — um aumento de 233%.

De acordo com o Ministério da Saúde, esse aumento se deve a fatores como a combinação entre calor excessivo e chuvas intensas (possíveis efeitos do El Niño) e ao ressurgimento recente dos sorotipos 3 e 4 do vírus da dengue no Brasil.

Entenda, abaixo, o que é a doença, quais os sintomas, como prevenir, vacinas disponíveis e sinais de alerta:

O que é a dengue?

A dengue faz parte de um grupo de doenças denominadas arboviroses. O vírus é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e possui quatro sorotipos diferentes: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 — todos podem causar as diferentes formas da doença.

Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém as pessoas mais velhas e aquelas que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, têm maior risco de evoluir para casos graves e outras complicações que podem levar à morte.

Uma pessoa pode ter dengue até quatro vezes ao longo de sua vida. Isso ocorre porque ela pode ser infectada com aos quatro diferentes sorotipos do vírus. Uma vez exposta a um determinado sorotipo, após a remissão da doença, ela passa a ter imunidade para aquele sorotipo específico.

Principais sintomas

Nem sempre a infecção apresenta sintomas. O indivíduo pode ter uma dengue assintomática ou ter um quadro leve.

Mas é preciso ficar atento se a pessoa tiver febre alta (39ºC a 40ºC), de início repentino, acompanhada por pelo menos outros dois sintomas:

  • Dor de cabeça intensa
  • Dor atrás dos olhos
  • Dores musculares e articulares
  • Náusea e vômito
  • Manchas vermelhas no corpo

❗O ministério alerta que é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados ao apresentar possíveis sintomas de dengue.

“A maioria das pessoas tem a forma clássica da doença. Uma pequena porcentagem é que tem a forma grave, que pode levar à dengue hemorrágica”, explica a infectologista Rosana Richtmann.

forma grave é a que preocupa. Após o período febril, o indivíduo deve ficar atento aos sinais de alarme:

  • Dor abdominal intensa e contínua
  • Vômitos persistentes
  • Acúmulo de líquidos em cavidades corporais
  • Sangramento de mucosa
  • Hemorragias
Sintomas da dengue — Foto: arte/g1

Sintomas da dengue — Foto: arte/g1

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Tratamento e diagnóstico

O diagnóstico da dengue é basicamente clínico — não existe a necessidade de realização de exames específicos. Também não existe um medicamento específico para doença. A dengue, na maioria dos casos leves, tem cura espontânea depois de 10 dias.

Para os casos leves com quadro sintomático recomenda-se:

  • Repouso relativo, enquanto durar a febre;
  • Estímulo à ingestão de líquidos;
  • Administração de paracetamol ou dipirona em caso de dor ou febre;
  • Não administração de ácido acetilsalicílico;
  • Recomendação ao paciente para que retorne imediatamente ao serviço de saúde, em caso de sinais de alarme.

“Os pacientes que apresentam sinais de alarme ou quadros graves da doença requerem internação para o manejo clínico adequado”, alerta o Ministério da Saúde.

Mosquito Aedes aegypti é responsável por transmitir a dengue. — Foto: Reprdoução/EPTV

Os cuidados contra a dengue

Evite qualquer reservatório de água parada sem proteção em casa. O mosquito pode usar como criadouros grandes espaços, como caixas d’água e piscinas abertas, até pequenos objetos, como tampas de garrafa e vasos de planta.

Coloque areia no prato das plantas ou troque a água uma vez por semana. Mas não basta esvaziar o recipiente. É preciso esfregá-lo, para retirar os ovos do mosquito depositados na superfície da parede interna, pouco acima do nível da água. Isso vale para qualquer recipiente com água.

Pneus velhos devem ser furados e guardados com cobertura ou recolhidos pela limpeza pública. Garrafas pet e outros recipientes vazios também devem ser entregues à limpeza pública. Vasos e baldes vazios devem ser colocados de boca para baixo. Limpe diariamente as cubas de bebedouros de água mineral e de água comum. Seque as áreas que acumulem águas de chuva. Tampe as caixas d’água.

Como funciona a vacina contra a dengue

A vacina contra a dengue Qdenga foi incorporada no Sistema Único de Saúde (SUS) em dezembro de 2023. Em janeiro de 2024, o Ministério da Saúde divulgou a lista das cidades que vão receber o imunizante. Ao todo, foram incluídos cerca de 500 municípios em 16 estados.

Com poucas doses disponíveis, o governo definiu um público-alvo para ser vacinado: adolescentes de 10 a 14 anos. Foram incluídos os municípios de grande porte — que são aqueles com mais de 100 mil habitantes — e com classificação de alta transmissão de dengue do tipo 2. Cidades próximas também estão na lista, no que o governo chama de “regiões de saúde”.

Vacina contra a dengue Qdenga foi aprovada pela Anvisa — Foto: Reprodução EPTV

Vacina contra a dengue Qdenga foi aprovada pela Anvisa — Foto: Reprodução EPTV

Qdenga (TAK-003) é um imunizante contra a dengue desenvolvido pelo laboratório japonês Takeda Pharma. A vacina contém vírus vivos atenuados da dengue. Por isso, ela induz respostas imunológicas contra os quatro sorotipos do vírus da dengue.

O imunizante é aplicado em um esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações.

Por que esse aumento de casos de dengue em 2024?

De acordo com o Ministério da Saúde, a projeção do aumento de casos da doença se deve a fatores como a combinação entre calor excessivo e chuvas intensas (possíveis efeitos do El Niño) e ao ressurgimento recente dos sorotipos 3 e 4 do vírus da dengue no Brasil.

Em entrevista ao podcast “O Assunto, Stefan Cunha Ujvari, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e autor do livro “A história das epidemias”, explicou que é normal ter epidemias de dengue de tempos em tempos.

“A gente estava esperando a qualquer momento o aparecimento dessa epidemia. E, logicamente, a epidemia depende de vários fatores, como o aumento de temperatura, que favorece a proliferação do mosquito, um período de chuvas intensas, que aparece principalmente nos períodos de El Niño e, por isso, a gente pode ter nossas epidemias de dengue. A gente já tem os quatro tipos do vírus da dengue circulando no Brasil”.

O infectologista ressaltou que o El Niño e as ondas de calor são ambientes favoráveis para o mosquito da dengue. “No verão, com a chuva e a onda de calor, começa a aumentar a população de mosquito e, por isso, o pico das epidemias é esperado no final de março e começo de abril. Então, ainda tem perspectiva grande de piorar o quadro”.

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