Jornalista, escritor e advogado acreano Chico Araújo questiona o evangelho atual: “É culto ou show?”

É culto ou show?

Por Chico Araújo

Entre cânticos animados e danças que lembram quadros de um festival cultural, alguns cultos religiosos mais parecem um espetáculo de variedades do que um momento de introspecção e devoção. Será que estamos no templo ou no palco? 🥁🎸✨
Enquanto o Filho de Deus ensinou que, para falar com o Pai, basta entrar no quarto e fechar a porta “…entra no teu quarto, e fechando a porta, ora a teu Pai, que está em secreto…” — Mateus 6,6, hoje temos shows ao vivo e pregadores com gritos de rodeio dignos de um locutor animando a plateia. Irônico, não? Porque Ele mesmo chamou os que oram em público para ostentação de hipócritas “…porque amam orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens…” — Mateus 6, 5.
No Brasil, até mesmo as indulgências modernas ganharam roupa nova! Martinho Lutero, quando cravou suas 95 teses, jamais imaginaria que práticas condenadas por ele seriam recicladas em transmissões televisivas. Os líderes vendem bênçãos como quem oferece promoções no mercado, e o fiel dá dinheiro em troca de milagres “instantâneos”. Isso é fé ou consumismo espiritual? 🤔🛒
E que dizer das “orações mágicas”? Rosa consagrada, sal grosso, feijões ungidos e pedras importadas de Israel — itens que prometem, com um passe de mágica, varrer os problemas da vida. Ah, o misticismo disfarçado de fé!
Mas calma, ainda não acabou. Entre os espetáculos e a magia, perde-se a essência. Jesus nos ensinou a termos bom ânimo, mesmo nas adversidades “…tende bom ânimo; eu venci o mundo.” — João 16, 33, e não a buscarmos atalhos supersticiosos para os desafios da vida. A simplicidade da mensagem cristã, outrora tão poderosa, é diluída em práticas que mais lembram reality shows espirituais.
Que possamos refletir profundamente sobre o verdadeiro significado do Evangelho, um chamado à humildade, à simplicidade e à comunhão autêntica. Não precisamos de luzes de palco, nem de fórmulas mágicas. Precisamos apenas do essencial: fé sincera e um coração disposto.

Chico Araújo é Advogado, jornalista e teólogo, autor do livro “Quando Convivi com os Ratos” (Uiclap, 2024). Compre aqui: https://loja.uiclap.com/titulo/ua76262/

E lança nas próximas sua nova obra: SOMBRAS DO PODER – As vísceras da corrupção no Acre expostas na Operação Ptolomeu.