Ativista da regularização fundiária no Acre reage a embargos em terras pelo Ibama: “Queria vê essa valentia contra o narcotráfico”

O ativista de regularização fundiária no Acre, Nesio Carvalho, que há mais de 20 anos luta contra a insegurança jurídica no campo, reagiu a decisão da ministra Marina Silva de embargar terras na Amazônia.

“Queria vê tanta valentia contra o narcotráfico, não contra quem produz. Vão quebrar nossa economia. Escutem o que estou falando”, disse ao Acrenews.

Nesio Carvalho está há mais de duas décadas lutando pela regularização de terras no campo, principalmente na região onde mora, o município de Acrelândia, um dos mais produtivos do Acre.

Ele está auxiliando um movimento de agricultores que sofreram as duras sanções recentes com seu conhecimento e experiência no assunto. O grupo está se organizando para reagir. Em texto enviado ao jornal, ele faz o duro questionamento a seguir:

“Quando o estado brasileiro foi omisso tanto na questão de documentar essas pessoas, famílias que tem 40, 50 hectares de terra e não tem título, o estado passou a ser esse peso, a sociedade trabalhou, lutou, construiu em cima das terras não documentadas quando veio a proibição de licenças ambientais, no caso do Acre, os irmãos Viana suspenderam.

O Tião Viana, em 2011, questão de licenciamento aí as pessoas precisam trabalhar e eles vão lá e trabalha. Agora, infelizmente hoje, estão deixando pessoas pobres e donos de ONGs bilionários. Por quê que nunca pensaram em transformar o Fundo Amazônia em subsídio para esses agricultores que estão lá tendo que proteger a floresta a 0800? Ah isso é resultado da tal florestania. O Jorge Viana quando governou atrasou o Estado com esse projeto nefasto, nunca usou o INCRA para o fim, que diz o estatuto da terra, que está sendo violentada, não está sendo cumprido. É difícil você ver hoje famílias com suas terras embargadas e com multas absurdas e quem vai pagar por isso? Vai quebrar o Estado, vai quebrar todo mundo! O comércio que mexe com produtos agropecuários, lojas, supermercados, vão quebrar.

Eu queria ver esse mesmo Estado, com esse mesmo peso contra o narcotráfico e aí, tem? Não tem! Rapaz, quando você me pergunta sobre Jorge Viana, lembro que ele foi o mal para o Acre, por ser engenheiro florestal, só ganhou dinheiro para a turma dele. Ele quebrou todas as pequenas madeireiras porque ele não deu condições para eles trabalharem. Os polos moveleiros que eles criaram nunca funcionaram por falta de licença ambiental para tirar a madeira dentro do manejo. As áreas que foram feitas manejo, eles negociaram com os grandes madeireiros, levando os marceneiros até a ser preso. Isso é uma grande vergonha! Agora a escolha de pessoas votarem em pessoas que não tem compromisso com quem mexe a terra para tirar o pão de cada dia, dá nisso!”.