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POLÍTICA

Valterlúcio Bessa Campelo escreve: Ditadura – o refém que não ousa dizer o nome

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Embora muitos jornalistas e políticos dispostos a lamberem togas podres não reconheçam, normalmente por vocação à servidão nos termos identificados por Étienne de La Boétie em seu “Discurso da Servidão Voluntária” (1548), estamos nos afundando no terreno pantanoso de uma ditadura de esquerda fincada num pacto abominável entre o Executivo e o Judiciário, com a assistência da mídia e a subordinação aviltante do parlamento.

A ditadura Lulo-alexandrina foi construída a partir da soltura de um condenado em um cavalo de pau jurídico inédito, e de sua eleição em um processo sabidamente viciado, de perseguição a Jair Bolsonaro com um discurso torpe de combate a um autoritarismo fantasioso, servido como justificativa para as inúmeras decisões do TSE contra o candidato conservador.

De lá para cá, vários episódios urdidos nos porões supremos colocaram em evidência, como nunca antes, um ministro, no caso o Alexandre de Moraes, que lidera a marcha contra a democracia, tangendo inquérito nos quais consta como vítima, inquiridor, acusador e julgador. O caso mais perverso é o relativo às manifestações do dia 8 de janeiro de 2023, que mantém presos mais de mil brasileiros sem individualização da culpa, por cima do devido processo legal, condenados em baciadas sob um argumento falacioso de “tentativa de tomada violenta do poder”, sem que se conhecessem e nenhum portasse sequer um cortador de unhas. Como disse o Ministro Cassio Nunes, se por acaso foi tentativa, teria sido tentativa de um crime impossível, logo inexistente e impunível.

Contra o deputado Daniel Silveira, que usou de maneira grosseira sua rede social, o mantém preso e persegue sua esposa, punindo-a sem que a própria tenha cometido qualquer crime. No caso do jornalista Oswaldo Eustáquio, atualmente exilado, a investida foi contra sua filha adolescente, absurdamente atacada com sequestro de sua conta bancária e busca e apreensão em sua residência. Dezenas de casos individuais como esses podem ser citados – Allan dos Santos, Rodrigo Constantino, Paulo Figueiredo, Juiza Ludmilla Grilo, Felipe Martins, etc.

Não bastasse aos brasileiros conviverem com milhar de presos políticos, muitos deles idosos e doentes, empobrecidos, desmantelados em seus planos e famílias, um deles morto sob tutela do Estado, estamos sendo obrigados a suportar a escalada da tirania Lulo-alexandrina. O episódio mais recente, desta última semana, foi a decisão de banir do país a plataforma digital X, ex-Twitter. Antes disso, a plataforma Rumble se mandou. O resumo é o seguinte:

Ato 1 – O Ministro Alexandre de Moraes emitiu ordens sigilosas para que a plataforma X, do bilionário Elon Musk, suspendesse contas de usuários selecionados no campo conservador sem motivação legal, por mera perseguição política e silenciamento de personalidades.

Ato 2 – A plataforma se negou a cumprir a ordem e se pronunciou em defesa da liberdade de expressão, cláusula pétrea na constituição federal.

Ato 3 – O Ministro emitiu uma ordem estabelecendo multas e ameaçando de prisão a representante da plataforma no Brasil.

Ato 4 – A plataforma, em defesa de sua diretora, retirou a representação no Brasil.

Ato 5 – O Ministro intimou a plataforma a nomear uma representação no Brasil para que pudesse continuar funcionando.

At 6 – A plataforma, antevendo a prisão de qualquer nomeado, protegeu seus funcionários e negou-se ao cumprimento da ordem.

Último ato – O Ministro baniu o X do Brasil, censurando mais de 20 milhões de usuários (empresas e pessoas físicas), passou ilegalmente para a Starlink (empresa da qual Elon Musk é acionista) a penalidade ameaçando a comunicação via satélite de milhares de usuários especialmente em regiões pouco habitadas, e espetou uma multa diária de 50 mil reais em qualquer cidadão que tente acessar o X através do VPN (um aplicativo que permite o acesso indireto).

Poderia ser a descrição de uma jornada de psicopatia, mas é o roteiro de um espetáculo macabro de submissão de uma nação ao terror por ditadores que sob capa jurídica, em comunhão com Lula, o PT e seus puxadinhos sempre obsequiosos com todo o mal, manobram e corrompem as leis para perseguirem seus adversários. O inimigo não é Elon Musk, ou o X, mas a liberdade de expressão mantida na plataforma, já que outras, sob comando de Zuckerberg, segundo o próprio, obedecem cegamente a ordens autoritárias. O inimigo é o povo que em liberdade pode não referendar as escolhas políticas do governo malsão por eles mesmos instalado. Quando Moraes diz que o X é um risco para as eleições, leia-se que a liberdade é um risco para a esquerda.

E o parlamento? Este foi emasculado desde que permitiu a prisão de Daniel da Silveira, e seus membros aceitaram a coleira, digo, a emenda PIX que o executivo maneja, levando-os como cachorrinhos pet a votarem toda sorte de iniquidades. No parlamento brasileiro, aquilo que o governo não consegue pela força ou chantagem em conluio com o STF, consegue com dinheiro liberado na veia para deputados e senadores ideologicamente invertebrados. Basta ver a lista de como anda votando cada um, embora tenham na maioria sido eleitos pela oposição.

Os presidentes das duas Casas Legislativas, Artur Lira e Rodrigo Pacheco, são do tipo que trocam afagos e amenidades com os togados em jantares supremamente regados a lagosta e bons vinhos. Por debaixo da mesa farta são trocados favores indizíveis e, longe dos banquetes, a sociedade paga a conta e é aviltada com opressão e migalhas.

A ditadura Lulo-alexandrina nos termos atuais é o produto de uma esquerda em transe, que busca na companhia de ditaduras como a Venezuela, China, Rússia, Irã e outras, conforto e expertise para seus objetivos insanos. A esquerda no Brasil caminha nos empurrando para o abismo, liderada por um governo autoritário e um judiciário execrável, apoiados por uma imprensa avassalada e um parlamento inerte.

A imprensa, que, pelo menos em benefício próprio, deveria desertar dessa marcha autoritária, no máximo sobe no muro e dá vezo a argumentos torpes como “ordem judicial é para ser cumprida”. Ora, ora. Esse argumento imundo foi o que nazistas usaram para por em curso o holocausto, se não sabem, as leis nazistas amparavam o regime. Aqui pertinho, mês passado, a lei deu ganho de eleição ao ditador Maduro e ampara toda a perseguição, prisões e morte até de crianças. O sujeito que perante o abuso da lei se abriga na lei abusada é um canalha.

Outros, ainda mais servis, evocam um nacionalismo bocó personalizando a questão com um “Elon Musk afrontou a soberania nacional”. Elon Musk não está em causa, os arreganhos supremos não visam um homem, mas a liberdade de qualquer um dizer o que quiser, inclusive essa besteira em defesa da tirania. Não esperem um discurso em cadeia nacional declarando a ditadura, isto nunca aconteceu em lugar nenhum, a ditadura se instala sorrateiramente usando a democracia para destruí-la enquanto gente aparvalhada meneia a cabeça oca.

Lembro aqui, mais uma vez, Étienne de La Boétie – “Que nome se deve dar a esta desgraça? Que vício, que triste vício é este: um número infinito de pessoas não a obedecer, mas a servir, não governadas, mas tiranizadas, sem bens, sem pais, sem vida a que possam chamar sua? Suportar a pilhagem, as luxúrias, as crueldades, não de um exército, não de uma horda de bárbaros, contra os quais dariam o sangue e a vida, mas de um só?”. Sim, o jovem francês se referia à servidão voluntária, essa disposição que tantos apresentam para ceder aos poderosos uma vez, duas vezes, mais e mais até que nada reste.

Os poderosos do mundo trabalham para controlar nossas vidas e contam com a nossa disposição a servir. Que o povo brasileiro tenha coragem e não permita, não se curve, que sejamos capazes de levantar a voz, assentar escritas, eleger o lado certo e reagir à avalanche de despotismos que emana desse conluio diabólico lulo-alexandrino.

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