Acre tem 131 beneficiários do Bolsa Família para cada 100 empregos formais — 45 para 1 em Santa Rosa do Purus

A vulnerabilidade socioeconômica do Acre é uma das maiores da Amazônia, revelando dependência extrema de programas sociais. Segundo o estudo “Empregos Formais versus Bolsa Família: A vulnerabilidade da economia acreana”, produzido pelo Fórum Empresarial de Inovação e Desenvolvimento do Acre, o estado registrava, em 2022, 131 beneficiários do Bolsa Família para cada 100 trabalhadores com carteira assinada, proporção que caiu para 119 por 100 em 2024, uma redução de 9,2%.

O levantamento mostra que o Vale do Acre é a região menos vulnerável, com IVM de 0,98, enquanto o Vale do Juruá alcança 2,98, revelando maior dependência de renda pública. Rio Branco tem o melhor índice, com apenas 0,6 beneficiário por emprego formal, mas Santa Rosa do Purus concentra o quadro mais crítico: 45 beneficiários do Bolsa Família para cada trabalhador formal.

Outros municípios como Marechal Thaumaturgo (30,77), Jordão (36,18) e Porto Walter (35,69) também figuram entre os mais vulneráveis. Já Feijó e Rodrigues Alves tiveram forte piora — o primeiro saltou de 4,10 para 13,81, e o segundo, de 5,02 para 19,87 em dois anos.

Ainda de acordo com o Fórum Empresarial, “a vulnerabilidade no Juruá é estrutural e persistente, exigindo políticas específicas de estímulo à geração de emprego e renda”. O estudo propõe que estratégias de desenvolvimento integrem investimentos em infraestrutura, educação e incentivos fiscais para reduzir o hiato entre trabalho formal e transferência de renda.

“O Acre tem avançado no equilíbrio entre emprego e assistência, mas o interior ainda depende fortemente de recursos federais e sofre com baixa atividade produtiva”, conclui o documento, destacando que o Índice de Vulnerabilidade Municipal (IVM) e o Hiato Sociolaboral devem orientar ações mais eficazes de desenvolvimento regional.