COLUNA DO EVANDRO | O agronegócio acreano começa a sair da retórica com abertura do corredor de exportação para o Peru

A palavra agronegócio repetida à exaustão nas últimas campanhas soava rasa demais em muitos ouvidos. Condenado pela esquerda a manter-se uma floresta com seus habitantes sobrevivendo à base do extrativismo, o Acre não empolgaria mesmo a ninguém que ouvisse discursos evocando o agro. Pois nem precisou sair por aí com os motosserras roncando, derrubando nossas florestas para surgir uma luz no campo. O Estado desburocratizou, parou de perseguir e os médios e grandes proprietários de terra começam a fazer história com a produção de grãos e seguindo seu curso com o gado bovino. De tão boa para a soja, por exemplo, a terra daqui produz, em um mesmo espaço, quatro vezes mais grãos que no centro-sul. A eleição de Lula deu um susto na turma, que vai depositar toda a confiança no Governo Gladson Cameli (PP) e na bancada federal acreana recém-eleita, toda direita conservadora, assim como os deputados estaduais, maioria defensores de pautas que destravam o agro. Para melhorar ainda mais o ambiente do campo, a notícia recente da aprovação pelo mercado peruano da abertura de um corredor de exportação de carne de porco e boi do Acre, deixou todo mundo eufórico. Em família, curtindo o Natal, o governador retomou a agenda oficial e abriu um parêntese para comemorar a notícia. A abertura desses negócios tem o DNA dele, que no início desse ano correu para Porto Velho, onde o presidente recém-eleito do Peru se encontraria com Bolsonaro. Criou uma agenda, dialogou com a autoridade peruana e a vitória chegou. “Quem planta colhe, literalmente”, me disse, empolgado, pelo telefone.

“Parabenizo ao Gladson”

O empresário Jorge Moura, um dos maiores produtores de soja da região Norte, disse a coluna que o momento é comemoração. “Esse é um grande acontecimento dos últimos cem anos. É um sonho nosso da vida toda. Agradecemos ao governador Gladson e ao nosso presidente Bolsonaro e o Acre fica de parabéns”, disse.

Apoio do Alan

O deputado federal Alan Rick (UB), eleito senador no último dia 2 de outubro, também está comemorando a abertura do corredor de exportação. Com razão. Ele atuou forte em Brasília nesse sentido.

Foi adeus

Marcos Alexandre se desfilou do PT e deixou um raso “podem contar comigo” para os dirigentes. Conforme dizem as pesquisas, ele ainda vingaria em outra sigla. Acho que foi um adeus.

Distante

Vai ser difícil o ex-governador Jorge Viana (PT) ser protagonista nas próximas eleições no Acre, se ele não for, pelo menos, ministro do Lula. Esse negócio de ligação do Estado com o presidente não funciona. Lula teve 30% dos votos daqui.

Areia movediça

O vereador Chico Batista (PDT), uma boa alma de Tarauacá, parece estar sentado em uma ruma de areia movediça. Quanto mais ele fala, mais reage, mais se complica. Lembra do Jô Soares e seu famoso “Cala a boca, Batista!”.

Estrada asfaltada

Eleito presidente da Câmara para os próximos dois anos, o vereador Raimundo Neném (Podemos) pode ter facilitado sua reeleição, em 2024 e mais ainda, asfaltado a estrada rumo à Assembleia Legislativa em 2026, um sonho de grupo dele.

Papel cumprido

Márcio Pereira cumpriu papel importante na condução da pasta do Turismo. Foi também importante na campanha à reeleição do governador Gladson Cameli. Por essas e outras razões deve ser um dos nomes aproveitados para a próxima gestão, mesmo o Turismo sendo rebaixado para diretoria.

Pouca mudança

Está praticamente montada a equipe do governador Gladson Cameli para a próxima gestão. As mudanças não acontecerão como se acreditava, sobretudo nas cabeças. Cameli, segundo fontes da coluna, deve primar por técnicos no segundo escalão.

Fuga do Gonzaga

Combinado para ser o próximo presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Luiz Gonzaga (PSDB), que já é macaco velho, tem evitado dar entrevistas. Sabe que qualquer fala sua só provocaria o deputado Luiz Tchê (PDT), que até agora não desistiu de disputar a presidência.