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RAIMUNDO FERREIRA

O termo ‘simplicidade’ perdeu sua essência, porque cada qual tem sua verdade, escreve professor Raimundo Ferreira

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SIMPLICIDADE

  • Raimundo Ferreira

Acreditamos que muita gente já deve ter assistido e ouvido meio às discussões acaloradas sobre alguma temática, especialmente sobre política, a expressão ‘simples assim’, como se algum iluminado tivesse encontrado a solução perfeita e definitiva para resolver o impasse, ou seja, algum espectador observa o teor da conversa, engendra uma frase, ou um pequeno enredo sobre o assunto, que na sua visão julga ser a alternativa mestra e apresenta de pronto como sendo a solução mágica, e ainda arremata com o jargão ‘simples assim’. A verdade é que na prática a SIMPLICIDADE está inserida entre uma série de termos que perderam a essência e seu significado já foi descaracterizado e banalizado, ou seja, a qualidade de ser simples já não se enquadra mais nos valores dos indivíduos serem puros, sinceros, honestos, verdadeiros, que relatam os fatos sem rodeios, que se expressam sem se importar com o que as outras pessoas vão comentar, julgar, criticar ou emitir qualquer opinião, na verdade, as pessoas que mantinham de fato as qualidades da simplicidade se comportavam e agiam espontaneamente, conforme se comportam as crianças de até três anos de idade. Atualmente, além do significado prático desse termo já está muito distante da realidade, as pessoas estão se empenhando e se especializando para tornar as questões aparentemente simples, em problemas mais complexos, sejam tornando-se prolixas nas explicações, utilizando uma série de rodeios e palavreados, muitas vezes sem qualquer relação com o contexto, seja apresentando-se com um heroísmo falsificado, buscando imprecionar uns aos outros nos diálogos e nas relações sociais, ou seja, sempre mostrando-se superior a apresentação dos feitos e fatos dos seus interlocutores, de modo que, até sobre um problema de sofrimento, para mostrar superioridade, o sofrimento de quem retruca será sempre maior do que quem primeiro relata os fatos. As pessoas incorporaram em suas personalidades que, meio à essa disputa ferrenea pela sobrevivência, quem se portar com honestidade e compreensão será considerado ingênuo e facilmente será passado para trás pelos indivíduos espertos e bem orientados, ou seja, nas condições atuais de luta pela sobrevivência parece não haver mais espaço para quem se comporta com sinceridade e simplicidade.
Existe uma episódio já batido do movimento filosófico Histoicismo, mas que ilustra perfeitamente essa questão da simplicidade, que relata o episódio do filósofo Diogenes, que vivia despido de qualquer bem material, morava dentro de um barril e quando falava reunia multidões a sua volta, o grande conquistador e Rei Alexandre da Macedônia, ficou imprecionado com esse fato e um dia muito cedo da manhã, foi até Diogenes fazer-lhe uma proposta, desapiou do cavalo, se aproximou e começou a propor ao filósofo que gostaria que ele fosse para no seu Palácio, trabalhar como conselheiro, pois lá teria todo o conforto do Palácio, mordomos etc. etc…e percebendo que o filósofo não esboçou qualquer interesse, disse-lhe que podia pedir qualquer coisa, podia pedir, nesse momento Diogenes erguer a cabeça e pediu pra ele se afastar um pouquinho para o lado, pois estava impedindo que o sol chegasse até ele.

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