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ARTIGO

ARTIGO DO PROFESSOR RAIMUNDO FERREIRA — Civilização Ínca

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Mesmo sem os recursos da escrita e sem a visão técnica do conhecimento formal, a civilização Inca, sobreviveu um pouco mais que quatro séculos, com núcleos distribuídos do Equador, passando pelo Peru, Bolívia, Chile e indo até a Argentina. Esse povo vizinho a nós, aqui da América do Sul, além da capacidade de sobrevivência em locais inóspitos, era detentor de uma sólida sabedoria natural alicerçada na fé e na perseverança, que hoje, apesar acreditarmos que avançamos em conhecimentos técnicos e científicos, não seríamos capazes de entender as leis e os fenômenos da natureza da forma como eles entendiam, nem tão pouco edificar complicadas e perfeitas obras arquitetônicas em locais e condições tão adversas, obras estas, que até hoje intrigam os visitantes. Quem tem a oportunidade de conhecer as ruínas conhecidas dessa civilização, fica impactado e mais impressionado ainda, em saber que existem vestígios e marcas desse povo em locais que, devido às situações de difíceis acessibilidades ainda são desconhecidos. A misteriosa história dessa civilização, segundo uma das lendas, origina-se na missão que fora dada aos irmãos Ayar, que eram filhos do Deus Eiracocha, para encontrar terras férteis. Ayar Cachi, Ayar Uchu, Ayar Auca e Ayar Manco, receberam uma espada lapidada de pedra e saíram da caverna de Pacaritambo, acompanhados de suas esposas, com a missão de fincar essa espada onde encontrasse terras férteis. Após viajarem por muitas localidades, várias tentativas de fixação e permanência, muitos conflitos e batalhas foram travadas, os irmãos Ayar foram se dizimando e muito tempo depois, somente Ayar Manco com as mulheres chegaram a Cusco e ao reconhecer que havia cumprido a missão, ficou a espada no solo e anunciou que esse era o local de solo fértil. As explicações descritas pelas lendas apresentam os fatos de modo muito mágico, podemos até fazer alguma suposição, no entanto, não será muito aconselhável, as narrativas são lineares e simplórias, foi assim que aconteceu e pronto. Em continuidade, Ayar Manco se instalou e juntamente com a esposa e suas cunhadas, fundaram a Civilização Inca, consagrou-se o primeiro Rei com o nome de Manco Cápac. A segunda lenda, que por sinal se entrelaça com a primeira, descreve que o Deus Sol reconhecendo que os homens eram ignorantes e estavam muito tristes, decidiu enviar seu filho, que é o personagem da primeira lenda, Manco Cápac, acompanhado de sua esposa, Mama Ocllo, para civilizar o mundo e direcionar os seres para a adoração ao centro dourado da terra, que era o sol. Com o surgimento de forma espetacular, Manco Cápac e Mama Ocllo emergiram das aguas geladas do Lago Titicaca, e depois de uma longa caminhada, chegaram a Cusco, onde fundaram o centro da terra, no morro Huanacauri, indicando que esse era o local indicado da terra fértil e dessa forma estabeleceram homens, mulheres e crianças da nação Inca. A origem histórica não acrescenta muitas informações relevantes, indica apenas que os Incas vieram da região altiplano, fronteira entre Peru e Bolívia fugindo das ameaças dos Aymaras e Collas. O líder Manco Cápac, constatando que, realmente, entre as tantas localidades visitadas, Cuzco era a terra imaginada das terras férteis, se aliou com os Quíchuas, instituiu uma sociedade civilizada e foi expandindo seus domínios, e a partir de 1200 a Civilização Inca foi se configurando como nação. A religião era politeísta, com a adoração a vários Deuses, porém, todos voltados para a natureza, como o Sol, a Lua, o Rio, o Vento etc., com rituais sagrados, que inclusive prestavam sacrifícios, de modo que o sangue era o símbolo máximo de força e oferenda para acalmar a ira dos Deuses, no sentido de solicitar tempos favoráveis e agradecer, por exemplo, pelo retorno das chuvas e pelas boas colheitas. Esse aspecto da religião fazia parte, ou melhor, permeava todas as atividades e convivências, é bem provável que devido à ausência de conhecimentos formais nessa civilização, o temor aos castigos dos Deuses, bem como, a fé, de certo modo, poderão ter contribuído para forjar os valores morais desse povo, por exemplo, cumprimento dos rituais e cerimonias religiosas eram tão levados a sério que, para iniciar as atividades da guerra, antes de começar a batalha, representantes dos dois lados do conflito, reuniam-se, realizavam rituais, rezavam orações e somente após estas cerimonias, dava-se inicio ao combate, e para que todas as normas de guerra fossem cumpridas, ainda era proibido atacar o inimigo a noite na hora do sossego. Para comunicação os Incas utilizavam o idioma Quéchua. Quanto as regras da convivência e dos bons costumes, os indivíduos eram avaliados pelo desempenho no trabalho e pela honestidade, não se admitindo por hipótese alguma, indisposição para o labor e a desonestidade, da mesma forma, o cumprimento das regras religiosas eram obrigatórias, não se admitindo o descumprimento. Havia punições exemplares para quaisquer desobediências, no entanto, a pena para quem não se empenhava, ou se recusava a trabalhar e colaborar para a manutenção da comunidade, além do castigo, esse cidadão era rechaçado, ou melhor, desconsiderado como membro ativo do povo Inca, em síntese, vagabundo, além de não se criar, se não se enquadrasse de forma alguma no regime de trabalho, era desprezado e desqualificado como membro efetivo da sociedade e não mais iria figurar como pessoas ativas nos registros históricos. Conforme os relatos, foi demonstrado que filhos de Reis, que certamente se recusaram a colaborar ativamente no trabalho, talvez optando por levar uma vida fácil, não foram registrados como cidadãos ativos e membros da família do reinado de onde deveria aparecer e apenas foram encontrados algumas referencias sobre estes cidadãos rejeitados em outras fontes secundarias. Estes preceitos básicos eram tão levados a sério e exigidos pelos povos Incas, que as pessoas ao se cumprimentarem, em vez de dá bom dia, boa tarde ou boa noite, citavam a frase: trabalhe, seje honesto e respeite aos Deuses. Apesar do reconhecimento dos méritos desse fundador e primeiro rei da civilização Inca, mas seu reinado não avançou, ou melhor, não prosperou como deveria, especialmente explorando o potencial de riquezas que dispunha a região ocupada pelos Incas, ou seja, o período de Manco Cápac e seus descendentes, foi um governo mediano, mas que se manteve até 1430, quando assumiu o comando, o grande Rei Pachacutec, que por sinal, era uma mistura de Rei com Divindade, denominado por eles de Sapa Inca, sua grande obra foi fundar a cidade de Machu Picchu, promoveu o maior desenvolvimento dessa nação, proporcionando o apogeu do império Inca. O sucessor de Pachacutec foi Túpac Yupanqui, que continuou expandindo o império. Depois veio seu filho Huayna Capac, que alcançou a expansão máxima do Império, atingindo 2 milhões quilômetros quadrados, com aproximadamente 12 milhões de pessoas, distribuídas em 200 povos diferentes, estendendo-se desde o Equador, Colômbia, parte da Argentina, Peru, Bolívia e Chile, na parte leste, entrando até na selva amazônica. A essa altura dos acontecimentos, a ambição pelo poder começou a causar conflitos e luta pelo trono e um dos filhos de Huayna Capac, Huáscar (1491) se autodenominou Rei dos Incas. se estabelecendo na cidade de Cusco. Nove anos depois, o outro filho, Atahualpa (1500), reuniu um poderoso exército e se estabeleceu na cidade de Quito e de lá tentou tomar o poder. A partir dai foi dado início a guerra civil entre os povos Incas. As batalhas foram numerosas e com mortes contabilizadas para ambos os lados. Estima-se que entre 60 mil e 1 milhão e cem mil morreram. Finalmente, Huáscar foi capturado e condenado por seu irmão Atauhualpa, que o matou e jogou o corpo no rio. Após a vitória, Atahualpa iniciou a caminhada para Cusco, onde seria aclamado e coroado Rei da Nação Inca , no entanto, ele teve a notícia de que haviam alguns homens estranhos, brancos e barbudos na cidade de Cajamarca, por onde teria que passar, aproximando-se dessa cidade, ele acampou com seu exército e em seguido recebeu um convite de Pizarro para uma visita, apesar de não conhecer esses homens estranhos, mas acreditando que seria apenas um encontro de cortesia, levou apenas uma pequena comitiva, para sua surpresa eram os espanhóis, com um exército de apenas 150 homens, porem, muito bem armados e comandado por Francisco Pizarro, que por sinal, já tinham estado no Peru dois anos antes, sondou que havia muito ouro nessa região, voltou para Espanha, pediu uma autorização para Rainha da Espanha, Isabel de Castela, para conquistar esse território e conseguir levar o ouro, e com esse intuito ele estava no Peru, e contando com uma grande ajuda natural, pois, por conta dos contatos anteriores, muitos índios Incas tinham morrido por causa da epidemia de gripe, varíola, febre tifoide e sarampo, que os espanhóis tinham trazido e pra completar a vantagem, o povo inca estava meio a uma guerra civil. Dessa maneira ficou fácil para os espanhóis, pois a nação estava fragilizada e contando com o fator surpresa, encontraram o grande guerreiro Atahualpa desprevenido e desprotegido, com apenas uns poucos guerreiros a sua volta e nestas condições, em 1532, derrotaram os soldados Incas e capturaram o Rei Atahualpa. Prenderam-no em um cômodo e passaram a interrogar para saber onde existia e como seria possível adquirir metais preciosos. Atahualpa desesperado com a situação e buscando uma maneira para se livrar da prisão, propôs um acordo aos espanhóis, prometendo que encheria todo aquele cômodo com ouro e mais o dobro em prata, pela sua libertação, os espanhóis, que estavam realmente interessados em ouro, aceitaram de pronto, e assim foi feito, os índios Incas carrearam ouro e prata, até cumprir o combinado, acontece que os espanhóis não cumpriram o trato, ainda inventaram um julgamento forjado para condenar o prisioneiro e em vez de liberta-lo, levaram o para praça publica e o assassinaram, com um fio em volta do pescoço, popularmente conhecido por garrote e ainda deixaram o corpo exposto para servir de exemplo a quem atentasse contra os invasores. Apesar dos espanhóis continuarem avançando no território Inca e já contando com um exército bastante fortalecido por índios que, por a coação ou livre vontade já estavam seguindo as fileiras dos conquistadores, mas muita gente continuava revoltada e a nação estava dividida como antes, o pessoal do sul contra o pessoal do norte e vice versa, ou seja, Cusco contra Quito/Quito contra Cusco e a guerra civil continuava viva. Buscando ainda criar uma resistência para fazer frente aos conquistadores espanhóis, que continuavam avançando no território em busca de ouro, outro irmão de Huáscar e Atahualpa, Manco Inca, que se alinhou com a nobreza, que a essa altura tinham entendido toda intenção dos espanhóis, formaram um exército, se instalaram na cidade Vilcabamba, local de densa selva e de lá declararam guerra aos espanhóis. As batalhas duraram aproximadamente 40 anos. Finalmente, os espanhóis assassinaram Túpac Amaru I em 1572. Com a morte do último rebelde inca de Vilcabamba, o poder inca acabou.

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