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Em seu giro pela história do Juruá, Ere Hidson encontra outro vulto, o governador José Augusto

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Filho de Raimundo Augusto de Araújo e Nair Correia de Araújo, que dá nome a um bairro e a maternidade do município de Feijó, José Augusto de Araújo nasceu em 03 de julho de 1930 em Cruzeiro do Sul, então território do Acre.

Professor licenciado em geografia e história pela antiga Universidade do Estado da Guanabara, no Rio de Janeiro, nos anos 1950, conheceu Maria Lúcia Mello, então com 15 anos e ele 20. Uma linda moça que viria ser mais tarde a sua legítima esposa.
Passagem interessante que nos faz lembrar “A normalista”, do Nelson Gonçalves.

“Vestida de azul e branco
Trazendo um sorriso franco
No rostinho encantador

Minha linda Normalista
Rapidamente conquista
Meu coração sem amor

Eu que trazia fechado
Dentro do peito guardado
Meu coração sofredor

Estou bastante inclinado
A entregá-lo ao cuidado
Daquele brotinho em flor

A normalista linda não pode casar ainda. Só depois de se formar

Eu estou apaixonado
O pai da moça é zangado
E o remédio é esperar”

Desse amor nasceram os filhos Ricardo Mello de Araújo, engenheiro civil que chegou a ser vereador na capital do Acre, Rio Branco, e Nazareth Mello de Araújo, advogada e funcionária pública aposentada. Fo vice-governadora de 2015 a 2018.

História desse bom acaso, marca a passagem do então senador Adalberto Sena, outro Cruzeirense de renomado valor, que era tio de José Augusto.

Que quando o jovem José Augusto vai do Acre ao Rio de Janeiro, leva uma encomenda (remédio) a mando de Adalberto Sena, para uma tia de Maria Lúcia.
Daí nasceu essa relação linda, que traduz a formação da família deles.

Já casados em 1957, José Augusto, então suplente de deputado federal do general Oscar Passos, chegou a assumir o mandato por incentivo do titular. Foi um pulo para mais tarde chegar ao Governo.

Em 1962, quando Guiomard Santos apresenta a proposta da lei/4070, que passava o então território do Acre a condição de estado, é aprovada. O presidente João Goulart assina a lei e o nosso Acre deixa de ser território.

Fato importante a ser destacado: podia-se candidatar-se a dois cargos. José Augusto foi candidato a deputado federal e governador pelo PTB, e Guiomard Santos foi candidato a governador e senador pelo PSD.

José Augusto venceu pro Governo em todo estado.
E o Guiomard Santos conseguiu a vaga de senador.

Já no ano de 1967, Maria Lúcia Mello de Araújo foi eleita a deputada federal mais votada do Acre. Com uma diferença de mais de 50% para o segundo colocado.

Foi cassada pela revolução (regime militar que comandava o país na época). Único “crime” pelo qual ela foi cassada, foi ser esposa do então ex-governador José Augusto, já cassado também na época.

O regime via de certa maneira uma afronta, as esposas dos políticos cassados, colocarem elas no mandato.

Maria Lúcia destaca que não só ela foi cassada, foram 5 deputadas ao total.

Lígia do Téo de Andrade do estado do Paraná.

Júlia Steinbruch do estado do Rio de Janeiro.

Ivete Vargas, sobrinha do Presidente Getúlio Vargas, do estado do Rio Grande do Sul.

Nysia Carone, esposa do prefeito Jorge Carone Filho, de Belo Horizonte, Minas Gerais.

Com visão futurista, José Augusto enquanto governador queria que o Acre fosse o Estado modelo para a federação.

Entra no governo com o ideal jovem e ideias modernas de acreanismo. “Era um acreano que que gostava muito da terra dele”, diz, saudosa a viúva Maria Lúcia.

Ideias essas que não foram possíveis serem colocadas em prática, uma vez que veio a revolução e cortou os sonhos do jovem professor e governador.

Daí ele teve um infarto, desse infarto, não teve mais saúde. Foi para o Rio de Janeiro se tratar e acabou falecendo no dia 3 de abril de 1971. Foi enterrado no Cemitério São João Batista, na capital Fluminense.

Foi uma época muito difícil para a viúva Maria Lúcia com dois filhos, e foi difícil pra toda família.

Enquanto primeira dama, Maria Lúcia assumiu a presidência da L.B.A (Legião Brasileira de Assistência) em 1963, um grupo de voluntariado que faziam ações sociais na época.

Lembranças de Cruzeiro do Sul e a vivência da então primeira dama Maria Lúcia.

Lembra com muito saudosismo de Cruzeiro do Sul.

“Cruzeiro do Sul tinha um cheiro diferente. Sempre gostei de sentir aquele cheiro de Cruzeiro do Sul. Era um cheiro diferente de todas as cidades”, lembra a deputada aposentada e muito lúcida aos 88 anos.

Destaca os amigos de então: Maria de Nazaré Lima de Carvalho (Mariazinha)
Dona Cândida Lima (mãe de Mariazinha)
Médico Dr José Alberto (Zezé)
Leônidas Lima
Luiz Gago
Deputado estadual Thaumaturgo (im Memorian)
Dona Renê Thaumaturgo (esposa do deputado Thaumaturgo)
Chico Vieira e Raimundo Vieira (irmãos)
Euclides Queiroz (Euclidizinho)
Casal Jamil Jereissati e Dona Alice Jereissati.
Seringalista Armando Geraldo da Silva
Maurício Mappes, também seringalista
Margarida Pedreira (comerciante próspera e também seringalista)
Maurício Quirino (Próspero comerciante e seringalista)
Catita Lobão (próspera comerciante e seringalista)
Mário Lobão Filho
Débora Dene e Armédio Dene (casal de seringalistas)
Família Alfredo Said
Deputado federal Nosser Almeida Tobu
Abdu Carim Almeida (Próspero comerciante)

Já anistiada, em 1983, a convite do então governador Nabor Teles da Rocha Junior, assumiu a secretaria do bem estar social (FUNBESA).
Em 1986, já na constituinte, volta novamente a se candidatar a deputada federação, e ficou em segundo lugar.

Destaca que nesse mandato, que durou até 1990, aprovou a lei que obrigar os pais cuidar dos filhos enquanto criança, e os filhos cuidar dos pais, enquanto idosos.
“Não fui eu sozinha. Foram um conjuntos de deputados e deputadas que aprovamos essa lei na constituinte”, diz. Ela destaca que as leis apresentadas por mulheres na constituinte, pra ganhar força, tinham que se juntar as 26 deputadas do Brasil inteiro pra poder aprovar.

Vale destacar que das deputadas cassadas em 1969 pela revolução, Maria Lúcia foi a única que conseguiu voltar, e participar ativamente da constituinte em 1988.

Já em 2018, ano em que a Constituição Federal do Brasil completara três décadas, o Senado Federal entregou a ela no dia 7 de março o Diploma Bertha Lutz em reconhecimento ao legado das 26 ex-deputadas federais que participaram da elaboração da constituição brasileira em vigor que, em 2018 completou 30 anos.
A premiação integra o calendário de atividades do Março Mulher.

Mensagem dela para a juventude.
Que a juventude que tem o poder transformar o futuro com sonhos e ideias.
Por meio dos estudos, você evolue tanto espiritual quanto intelectualmente. “Deixar de tá olhando celular (iInternet). O celular é muito importante, mas o que tem que ser mais importante é a cabeça das pessoas. É isso que eu digo para os jovens, acordar enquanto há tempo”, finaliza a viúva do primeiro governador eleito pelo voto no Acre.

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