O preço da privatização: A defesa de Rio Branco pelo saneamento público

Janes Peteca

Em meio a ondas de privatizações que varreram o Brasil, a cidade de Rio Branco, sob a administração do prefeito Tião Bocalon, destaca-se como uma resistência à transferência do sistema de saneamento para mãos privadas. O tema da privatização é espinhoso, com opiniões fortemente polarizadas. No entanto, em Rio Branco, o debate ultrapassa a mera questão econômica. Trata-se da importância inestimável da água para uma sociedade.

Os moradores de Rio Branco ainda se recordam da privatização da empresa de energia. Para muitos, essa mudança não trouxe melhorias palpáveis. Pelo contrário, reclamações sobre constantes quedas de energia e tarifas elevadas tornaram-se comuns. Em um cenário como esse, onde o direito do consumidor parece ofuscado, a perspectiva de privatizar o sistema de água causava apreensão.

A realidade do saneamento em Rio Branco não é isenta de desafios. Há um notável déficit entre os custos operacionais e o faturamento. Os operadores de Estações de Tratamento de Água (ETA) desempenham um papel crucial, lidando com as complexidades de tratar água em uma região com suas particularidades. Esses profissionais, muitas vezes considerados heróis anônimos, garantem que a água chegue tratada e segura às residências.

Ainda que haja espaço para melhorias na distribuição e qualidade da água, uma pergunta paira no ar: a privatização seria a solução? Se considerarmos o cenário pós-privatização da energia, a resposta é incerta. Há quem argumente que, sob a gestão privada, até mesmo a água da chuva seria tarifada.

O futuro do saneamento em Rio Branco permanece em aberto, mas a decisão do prefeito Bocalon de manter esse serviço essencial sob controle público demonstra uma convicção: a água, recurso vital, não pode ser tratada meramente como uma mercadoria. Em tempos de debates acirrados sobre os rumos do Brasil, Rio Branco oferece uma reflexão sobre o valor da água e a responsabilidade do poder público em garantir seu acesso seguro e equitativo para todos.