PITTER LUCENA
Pitter Lucena, jornalista e escritor acreano que mora em Brasília, escreve artigo “Minha versão”
MINHA VERSÃO
- Pitter Lucena
No universo de cada um, existe uma versão singular de mim. Sou como uma história tecida em tons de poesia, onde cada palavra é um fio que compõe a tapeçaria da minha essência. Alguns me descrevem como uma criatura de luz, com uma alma radiante que irradia bondade e compaixão. Outros, porém, pintam-me com pincéis sombrios, retratando-me como uma figura fria e distante, com um coração tão gelado quanto o inverno mais rigoroso.
Mas aqui está o segredo: ambos têm razão. Sou um espelho que reflete o tratamento que recebo, um eco das vibrações que o mundo emana em minha direção. Como um espelho d’água, sou moldado pelas pedras que caem em meu ser, cada uma deixando sua marca única. Cada palavra gentil é um raio de sol que aquece minha alma, enquanto cada ato de crueldade é um vento gélido que envolve meu coração.
Em um mundo onde cada um tem de mim apenas o que merece, encontro-me dançando na corda bamba entre o amor e o desdém, entre a luz e a sombra. Sou uma sinfonia de dualidades, uma mistura complexa de doçura e amargura, de calor e frieza. E, no final das contas, sou apenas um reflexo do mundo ao meu redor, moldado pelas mãos invisíveis do destino e das interações humanas.
Assim, aceito com serenidade as diferentes versões de mim que habitam no imaginário das pessoas, pois cada uma delas é uma peça do quebra-cabeça da minha existência. Sou um caleidoscópio de facetas, uma obra de arte em constante evolução, e é na interseção dessas interpretações que encontro minha verdadeira essência.
Pitter Lucena – fevereiro 24