Connect with us

RAIMUNDO FERREIRA

Professor Raimundo Ferreira bebe em Sócrates para fazer um paralelo entre “A educação e o mito da caverna” em seu artigo desta segunda-feira, 2

Publicado

em

A EDUCAÇÃO E O MITO DA CAVERNA

Antes de qualquer manifestação ou análise sobre conteúdo e estilo da obra de Platão, faz-se necessário esclarecer que os temas e ensinamentos são apresentados em forma de diálogo. Na alegoria, o Mito da Caverna, essa conversa acontece entre Sócrates e Glauco e as mensagens passadas são em sentido figurado, utilizando símbolos e metáforas, que transmitem significados muito além do texto, ou seja, além da emissão do pensamento em si, a temática serve de chave para que os leitores possam interpretar relacionando a outras ideias e/ou outras situações reais. Todavia, é oportuno salientar que os diálogos entre os personagens discutem uma realidade hipotética, ou melhor, algo abstrato. Porém, criando situações e cenários tão inteligentes e perfeitos, que servem para representar o conteúdo de estruturas de entidades e instituições do mundo real. No caso da alegoria, o Mito da Caverna, que é o capítulo ou livro sete da obra A República, segundo a descrição, trata-se de uma caverna com a entrada larga, descida íngreme, com uma fogueira lá dentro e, após alguns metros, uma espécie de muro transversal de pedras com aproximadamente um metro de altura. Por trás dessa barreira, uma porção de pessoas encontra-se presa pelos pés com correntes e também imobilizadas, de modo que não pudessem se mover, apenas conseguindo olhar para frente. Por trás desse muro aconteciam várias ações e atividades, como se fossem apresentações de teatro de bonecos, e o clarão da fogueira, que se encontrava um pouco mais atrás, refletia as sombras das imagens dessa movimentação no fundo da caverna, onde os prisioneiros podiam ver e ouvir o som. Essa era a única visão de mundo que eles tinham e, dessa forma, acreditavam que a realidade se resumia apenas a estas sombras. A interpretação mais genérica e filosófica que essa alegoria apresenta é a explicação da ideia defendida por Platão, afirmando que os objetos e coisas que observamos ao nosso redor no mundo real são apenas sombras, pois o espírito destas coisas, que ele denomina de essência ou mundo das ideias, se encontra em um plano superior. Sobre a educação, um dos entendimentos é que as pessoas aprisionadas nestas condições são comparadas a seres totalmente alheios ao mundo real, com total ignorância sobre a realidade, ou seja, podendo ser equiparadas a pessoas que não travaram qualquer contato com o sistema de educação e aprendizado. A educação, portanto, poderia proporcionar a possibilidade para estas pessoas adquirirem conhecimentos, entendimento e consciência de que existe outro mundo, e elas poderiam ascender a estas condições e se colocarem como cidadãos fazendo parte dessa realidade. Podemos, então, fazer a analogia com os prisioneiros da caverna, evidenciando como sendo pessoas nas condições de total ignorância e desconhecimento da realidade e que o ato de se voltar para a boca da caverna significa o aprendizado, a formação, a aquisição de conhecimentos e, consequentemente, a libertação desses cidadãos para uma nova vida. E mais, a ação de sair da caverna, descobrir a realidade e ser iluminado pela luz do sol traz o significado do nascimento para a vida, é aquela coisa do alguém ou algo que foi iluminado. Na verdade, a educação não precisa fornecer a visão, esse recurso as pessoas já possuem, ela precisa, sim, mudar a direção do olhar. No entanto, essa missão nem sempre é possível. Na situação hipotética da alegoria do mito da caverna, por exemplo, o diálogo relata que alguém conseguiu escapar, saiu da caverna, teve muita dificuldade ao enfrentar a luz, mas se adaptou e mirou o céu (representando um ato simbólico de elevar a visão para o alto), observou todas as coisas ao seu redor e realmente constatou, ou melhor, descobriu uma nova vida e pôde constatar que o mundo real era algo diferente do mundo que ele conhecia. Aí percebeu também que tinha a missão de retornar ao interior da caverna e tentar libertar seus amigos. No entanto, ao tentar convencê-los de que existia outra realidade e outra vida lá fora, a maioria relutou em não querer sair, pois os seus feitores, que tinham interesse na manutenção dessa situação, argumentaram que seria uma aventura arriscada e, lá fora, eles estariam desprotegidos. Na verdade, até estes aspectos com viés contraditório contidos nas conversas servem também para se fazer paralelos com a realidade do mundo real. Conforme somos sabedores, estas relutâncias dos prisioneiros da caverna em não querer sair nos remetem a situações experimentadas na época em que foi decretada a libertação dos escravos, pois muitos deles, apesar de estarem livres, preferiram continuar onde estavam, trabalhando para seus senhores. Em síntese, essa alegoria traz situações hipotéticas que podem servir de argumentação, comparações, paralelos e alusões, tanto para a educação quanto para muitas outras áreas, ou seja, o Mito da Caverna pode ser uma fonte inesgotável, como se fosse uma chave de interpretação para explicar situações de muitas entidades e instituições da vida real.

Continue lendo

EXPEDIENTE

O Portal Acrenews é uma publicação de Acrenews Comunicação e Publicidade

CNPJ: 40.304.331/0001-30

Gerente-administrativo: Larissa Cristiane

Contato: siteacrenews@gmail.com

Endereço: Avenida Epaminondas Jácome, 523, sala 07, centro, Rio Branco, Acre

Os artigos publicados não traduzem, necessariamente, a opinião deste jornal



Copyright © 2021 Acre News. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por STECON Soluções Tecnológicas