“O cotidiano e a legislação” é o tema de artigo do professor Raimundo Ferreira nessa véspera de feriado

O COTIDIANO E A LEGISLAÇÃO

• Raimundo Ferreira

Buscando mais uma vez tecer alguns proseados sobre as interações e cumplicidades experimentadas nas relações humanas em sociedadede, surge na mente a questão da vivência e convivência propriamente, nos levando a imaginar que se as relações e compromissos fossem enfrentados de forma mais pacíficas, honestas e consequentemente mais conscientes, de forma que nossos limites terminassem onde começa as liberdades dos outros e vice-versa, e se esses modos fossem a regra a ser obedecida e cumprida como mandamento básico e inviolável em quaisquer circunstâncias, e se os seres humanos realmente admitisse e cumprisse inevitavelmente esses preceitos comportamentais no decorrer de suas existências, certamente não haveria a necessidade de testemunharmos oficialmente e ainda registrarmos em cartórios os compromissos firmados, que por sinal, apesar das precauções, não assegura garantia alguma e nem impede o descumprimento dos acordos, e ainda se os compromissos e acordos acontecessem na base da confiança mutua, provavelmente não deveriam haver preocupações com os tratos e negócios propostos, pois, todas as propostas seriam cumpridas e honradas sem quaisuer embaraço, da mesma forma, jamais teríamos que nos preocupar com as traições e as espertezas de quem se aproveita da boa fé alheia para levar vantagens, assim como também não teríamos que nos preocupar com a má intenção dos ladrões, que espreitam o momento conveniente para subtrairem os pertences e até as vidas das pessoas. Pode até parecer sonho ou delírio imaginar uma sociedade funcionando em obediência a estes preceitos civilizados, situações estas, que no mundo dos animais irracionais, são regras de convivência e respeito que funcionam naturalmente. Atualmente no mundo da racionalidade, conforme podemos observar existe uma estrutura imensa, com um monstruoso contingente de operadores da lei, regida por uma complexa teia burocrática, que se diz legalista e que existe exatamente visando regular, legalizar, reconhecer e proteger os legítimos direitos dos cidadãos, todavia, mesmo existindo esse monstruoso e oneroso aparato legal, o que mais podemos constatar meio à sociedade atual, são as articulações e ações ilegais sendo exercidas como práticas comuns, movimentando muito dinheiro e de certo modo, exercendo um poder paralelo e que além do acúmulo de riquezas, ainda mantém um grande poder de mando utilizando o método da violência e também uma forte influência em várias esferas da sociedade atual. Alguém discorda?