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POLÍTICA

Articulista Valterlucio Campelo questiona: Sobre pesquisas eleitorais – podemos acreditar nelas?

Publicado

em

Valterlucio Bessa Campelo

Período de eleições é também época de faturamento dobrado para institutos de pesquisas, que usando uma metodologia simples e amplamente conhecida, retratam o momento em que os questionários são aplicados e não mais. Qualquer interpretação de números como prognóstico é uma falsidade porque até o dia da eleição tudo pode acontecer, inclusive nada. Mesmo assim, jornais, sites de notícias, emissoras de TV e partidos políticos correm para verificar os números da preferência dos eleitores, num frenesi que termina por se transformar em disputa antecipada, como se o resultado apurado determinasse desde logo o vencedor.

As pesquisas eleitorais foram de tal modo capturadas pelo interesse em antecipar resultados, mesmo ilusoriamente, que alguns institutos vez por outra são acusados de falsear dados numa determinada margem visando iludir o eleitorado e empurrá-lo para uma tendência a gosto do freguês.

De tão velho o expediente, o histórico Senador Antonio Carlos Magalhães, já falecido, disse certa vez que só acreditava nas pesquisas que ele próprio manipulasse, ou seja, dava ele por certo que todas elas continham algum nível de manipulação. Não se pode endossar literalmente o chiste do ACM, mas é sempre bom guardá-lo na memória.

De todo modo, é certo que a divulgação de uma pesquisa eleitoral pode influenciar o eleitorado de vários modos: Vejamos algumas possibilidades:
Efeito Manada: ocorre quando uma pesquisa mostra um candidato à frente, motivando alguns eleitores a apoiar esse candidato simplesmente porque ele parece ser o favorito. A ideia é que as pessoas tendem a se alinhar com o vencedor ou a escolha majoritária, acreditando que esta é a opção mais segura ou popular.

Efeito Mobilização: Resultados de pesquisas podem motivar ou desmotivar o eleitorado a votar. Se um candidato parece ter uma grande vantagem, seus apoiadores podem se sentir tão confiantes que se tornam complacentes, então é melhor estar à frente, mas não muito, mantendo assim o eleitor em estado de alerta e mobilizado.

Voto Útil: Em contextos onde há vários candidatos, eleitores podem optar por votar em um candidato que consideram ter mais chances de vencer (mesmo que não seja sua primeira escolha) para evitar que um adversário que eles não querem tenha sucesso. As pesquisas ajudam a identificar quem são os principais concorrentes e influenciam essa estratégia de voto.

Narrativa da Campanha: Pesquisas também moldam a narrativa da mídia e dos próprios candidatos. Se um candidato começa a liderar nas pesquisas, ele pode ganhar mais cobertura da mídia, que, por sua vez, pode reforçar sua posição de liderança. Isso cria um ciclo onde a exposição positiva alimenta o crescimento nas pesquisas, o que gera ainda mais exposição.

Atração de Apoios: Partidos políticos e candidatos podem usar resultados de pesquisas para tomar decisões estratégicas, como decidir onde alocar recursos e estabelecer alianças com candidatos proporcionais, por exemplo.

Pelo exposto, verifica-se que a notícia “O candidato A está na frente” tem uma importância extraordinária, o que põe sob lupa os institutos de pesquisas eleitorais. Felizmente, a cada dia se torna mais difícil, mas não impossível, uma pesquisa ser publicada com dados falsos. A razão é que graças ao acesso que todos tem à internet, portanto às informações das campanhas, dos fatos políticos, etc., o eleitorado tem uma sensibilidade muito aguçada e logo perceberia se um instituto desviasse muito os dados publicados daqueles revelados pela realidade do dia a dia da campanha, então nenhum está disposto a comprometer a própria credibilidade lançando números fantasiosos, ainda que em certa margem que não agrida o senso comum isto seja possível.

Afinal, podemos acreditar nas pesquisas eleitorais? Minha sugestão é que acompanhemos todas elas, nos informemos para além dos números friamente divulgados, prestemos atenção nas tendências verificadas nos números seguidamente divulgados e sigamos a lógica. Em matéria eleitoral, até o obvio merece desconfiança.

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