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ESPORTE

Roll – Dos gramados para os púlpitos: o craque que virou pastor evangélico

Publicado

em

Francisco Dandão

Quando numa roda de torcedores alguém perguntar pelo cidadão Rolnantes de Oliveira Saraiva, provavelmente ninguém irá fazer uma conexão entre o nome e a pessoa referida. Se, em vez disso, se pronunciar o nome Roll, aí todos os que frequentaram o Estádio José de Melo da segunda metade da década de 1980 até 1999 certamente saberão de quem se trata.

Nascido em Tarauacá, no dia 24 de agosto de 1967, Roll se mudou para a capital na infância. E logo, depois de algumas peladas nas ruas com os meninos vizinhos, bem como nas aulas de educação física da Escola Humberto Soares da Costa, ele demonstrou toda a habilidade que o levaria, algum tempo depois, a brilhar em vários dos grandes clubes do Acre.

Em 1979, pouco depois de completar 12 anos, visto pelo técnico Aníbal Honorato, notório descobridor de talentos da periferia de Rio Branco, Roll foi levado para participar de uma “peneira” no Independência. Poucos chutes na bola foram suficientes para ele ser aprovado. Daí até aos 16 anos ele passou pelas mais diversas fases das divisões de base do Tricolor de Aço.

“Foi uma boa iniciação”, disse Roll. Mas o melhor estava por vir. E então, logo que completou 17 anos ele se mudou para o Rio Branco, onde passou a ser dirigido pelo professor Illimani Suares. “O Estrelão fez um timaço, onde, entre outros, posso citar o Kleber, o Francisley, o Gil, o Papelim e o Carlos. Fomos tricampeões de juniores”, contou o ex-craque.

Rio Branco (juniores) – 1986 – Jair, Carlos, Sérgio, Kléber, Francisley e Maurício Generoso (preparador físico). Agachados: Gil, Oton, Manoel, Papelim, Célio e Rol. Acervo Pessoal/Flávio Quintela

As várias camisas e o teste no Santos

Uns dias antes de fazer 20 anos, Roll começou a frequentar o banco de reservas do time principal do Rio Branco. “Mas eu fiquei pouco tempo na condição de suplente, principalmente por conta da minha capacidade de jogar em todas as posições do meio de campo. Se o treinador precisasse, eu fazia o papel de volante. Mas também atuava mais adiantado”, afirmou Roll.

Rio Branco – 1987. Em pé, da esquerda para a direita: (…), Roberto Boca de Cantor, Paulo Roberto, Francisley, Valmir, Maurício Generoso (preparador físico), Marcos, Kleber Café, Felipe, Chicão e Clóvis. Agachados: Tita (massagista), Vagner, Roll, Sérgio, Carlos, Manoel, Gil e Raimundo. Sentados: Marquinhus, Anderson, Ivo, Itamar, Vinícius, Ulisses Torres e Henrique. Foto/Acervo Gilvandro Soares.
Independência – 1991. Em pé, da esquerda para a direita: Ricardo, Toninho, Rocha, Klowsbey, Anderson e Paulão. Agachados: Marcelo Carioca, Marcelinho, Gilmar, Rol e Artur. Foto/Acervo Francisco Dandão

Eu estreei contra o Juventus. Nós ganhamos por um a zero e eu fui eleito o melhor homem em campo. Por conta dessa boa estreia eu passei a ser bem avaliado pelos outros times. A prova disso foi que eu mudei várias vezes de clube até pendurar as chuteiras, em 1999”, garantiu Roll, que além do Estrelão, jogou por Independência, Juventus e Vasco da Gama.

Juventus – 1994. Em pé, da esquerda para direita: Railson, Hélio, Alan, Alex Richa, Assis e Marcelo. Agachados: Aclaildo, Nadson, Roll, Ivo e Juscelâneo. Foto/Acervo: Manoel Façanha
Vasco da Gama – 1999. Em pé, da esquerda para a direita: Railton, Barriga, Juscelâneo, Aírton, China e Rozier. Agachados: Jean, Mamude, Roll, Neibe e Marquinho Bombeiro. Foto/Rose Peres

A bola redondinha que jogava o meio-campista Roll lhe valeu um teste no famoso Santos, do rei Pelé. Foi em 1991, depois do campeonato brasileiro da Série B, que ele disputou pelo Independência. Quem o levou foi o técnico Toninho Silva, junto com os colegas Venícius e Canjerê. “Eu fui aprovado nos testes, mas tive problemas familiares e voltei pra casa”, contou Roll.

Vasco da Gama/1999. Da esquerda para a direita: Roberto (mordomo), Som (preparador físico), Cláudia Malheiro (auxiliar técnica), Juscelânio, China, Marquinhos Bombeiro, Jean, Airton, Ricardinho, Roll, Odinei, Marquinhos, Mamud, ?, Océlio e Neib. Foto/Arquivo Pessoal Manoel Façanha.
Marquinho Bombeiro, Rol, Rozier e Ben Jonson, momentos antes do treino do Vasco da Gama, em 1999. Foto/Manoel Façanha.

Depois de voltar da aventura no litoral paulista, Roll ainda permaneceu em campo por oito anos. Um tempo (contando o período da base) que lhe valeu sete títulos de campeão, sendo três nos juniores e outros quatro no futebol profissional (dois pelo Rio Branco, um pelo Independência e um pelo Vasco). “Ajudei a tirar o Vasco de um longo jejum de títulos”, afirmou.

Vasco da Gama/1999. Da esquerda para a direita: Roberto (mordomo), Som (preparador físico), Cláudia Malheiro (auxiliar técnica), Juscelânio, China, Marquinhos Bombeiro, Jean, Airton, Ricardinho, Rol, Odinei, Marquinhos, Mamud, ?, Océlio e Neib. Foto/Arquivo Pessoal Manoel Façanha.

Momentos inesquecíveis e a vida depois da bola

O ex-craque falou de dois momentos inesquecíveis na sua carreira de atleta. O primeiro foi a goleada de três a zero aplicada pelo Independência, no Paysandu, em Rio Branco, pela Série B de 1991. “Aquilo foi demais”, disse o ex-craque. E o segundo foi um gol dele contra o Ji-Paraná (RO), pela Copa do Brasil. “O técnico deles era o Dadá Maravilha”, disse Roll.

No que diz respeito a grandes sujeitos do futebol acreano, Roll fez questão de citar os nomes do falecido dirigente Sebastião Alencar (“pelo amor ao esporte), do também falecido árbitro José Ribamar Pinheiro de Almeida (“pela segurança na aplicação das regras”), e do técnico Illimani Suares (“pela dedicação e capacidade de transmitir conhecimentos”).

Quanto ao cara que melhor lhe marcava, ele elegeu o volante Cairara. E no tocante aos melhores parceiros, ele citou Ricardinho e Gilmar. Um time acreano quase perfeito? Ele escalou sem hesitação: “Ilzomar; Marquinho Amarelo, Chicão, Paulão e Ricardo; Gilmar, Oton e Jacaré; Gil, Palmiro e Artur”. Mas citou ainda Papelim, Siqueira, Paulo Henrique e Venícius.

Oriente – 1998 (Campeonato de Férias do Calafate). Em pé, da esquerda para a direita: H. Neto (prep. físico), Klowsbey, Joãozinho, Cid, Milton, Cézar, Marcelo, Artur e Saldanha (técnico). Agachados: Airam, Dênis Pato Rouco, Gelide, Jamerson, Dema, Roll e Sérgio Cabeção. Foto/Acervo: Sérgio Cabeção.

Distante dos gramados, Roll leva a vida hoje como funcionário público da Secretaria de Segurança e pastor do Ministério Apostólico da Restituição. “Não poso negar que o futebol me deu muitas alegrias, mas hoje o que me dá prazer é trabalhar pelas famílias necessitadas, lutando para tirar jovens do mundo do crime e reintegrá-los à sociedade”, concluiu o personagem.

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