Coluna da Larissa | Influencer até debaixo d’água

Estamos passando por momentos sem precedentes na história de Rio Branco, e em alguns municípios do Acre. Não bastasse todo o transtorno causado pelas chuvas repentinas e avassaladoras – evento extremo que indica claramente as mudanças climáticas a qual muitos ainda insistem em negar – temos que lidar com o descaso da mídia nacional, que, não se dá ao trabalho de “gastar” um repórter para cobrir a situação do Estado do Acre.

Estamos acostumados ao constrangimento de viajar a outros lugares e sermos questionados, se de fato existimos, se por aqui andamos montados em dinossauros e outras bobagens que só quem não tem noção da importância da floresta amazônica e as empreitadas e lutas para que ela se mantenha viva e de pé tem coragem de proferir.

Parece não importar o legado de Wilson Pinheiro, seringueiro e sindicalista que foi assassinado defendendo o extrativismo e a preservação da natureza, o legado inegável e internacional de Chico Mendes, o nome ecoante de Marina Silva, sem mencionar os artistas e atletas acreanos de destaque em inúmeras áreas.

Não importa quantos talentos o Acre importe para o Brasil e o mundo, diante da catástrofe algo latente fica muito óbvio: permanecemos invisíveis.

Diante desse cenário, que não nos surpreende, se levanta diante de nós algo que muitos ainda ousam duvidar: a força das mulheres acreanas.

Nossas influencers digitais tem realizado um trabalho incansável na busca de ajudar os atingidos pela enchente, de todas as maneiras imagináveis. Ajudam como podem, com seus celulares fazem a cobertura da situação nos locais mais atingidos e chegam até onde muita gente com mais recursos, não chegou.

São grupos de apoio, arrecadação de doações, produção e entrega de alimentos, kits de limpeza, roupas, e a maioria delas cai mesmo dentro dos bairros, com a água nas canelas, tudo para ajudar o próximo.

Muitas delas não tem o trabalho diário reconhecido pelos próprios conterrâneos. Enfrentam machismo, julgamentos, apontamentos e cobranças. Algumas são mãe solo, outras empreendedoras, empreendedoras de si mesmas, do seu carisma e da vontade de fazer acontecer, disputando seu espaço em um Brasil que insiste em não enxergar que elas estão aqui e tem muito a oferecer. Não poderíamos deixar de ver todos esses stories de solidariedade dessas mulheres, sem dar nosso muito obrigado, e desejar a elas todo sucesso e visibilidade, que de fato merecem.

A todas as influencers, empresárias e anônimas na linha de frente desse Acre tão fragilizado, toda nossa gratidão!