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COLUNA DO EVANDRO | A revolta de Stonewal e a cachaçada da oposição no bar do Zé do Branco, bairro da Base

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As oposições mundo a fora se recompuseram, na maioria das vezes, a apartir de convescotes em tabernas, caso da Europa, e botequins, na América Latina. Grandes revoltas e movimentos que marcaram o calendário da história foram gestados em sua maioria nesses ambientes de propriedade dos boêmios. Os bares inspiram, repete em cantilena o autoproclamado guerrilheiro José Uchoa, um comunista acreano forjado no PCdoB dos anos 1980 e 1990, inspirado nas revoluções Cubana e Soviética. Não parece utopia. Os botecos foram úteros que pariram grandes movimentos e inspirações para muitas ousadias ao longo da história. A revolta do bar Stonewall Inn, em Nova York, 1969, por meio da qual nasceu a comunidade LGBT, é um acabado exemplo. Até o ex-padre Leonador Boff se rende a esse ambiente profano na visão de outros pares dele, onde, segundo ele, pessoas diferentes se tornam iguais. “O bar é um estado de espírito”, escreveu certa vez o teólogo conselheiro de Lula.

No bar a oposição fica mais astuta, o escritor mais inspirado, o medo da morte e a timidez somem, independente das consequências futuras, sobretudo em relação a saúde. Quem está sentado na mesa de um deles quer distância de assuntos sobre o futuro. São inconvenientes. Em grandes jornadas de botecos, Ernest Hemingway consolidou sua carreira em um famoso de Havana, nos últimos anos de vida, entre as décadas de 40 e 60, o El Floridita, e o Gastrobar Cooperativo, na Suissa, teria sido o lugar da última cachaçada de Lenin antes de embarcar para a Rússia, para liderar a revolução de 1917.


No Acre a oposição sentou no boteco. Finalmente. Especificamente no bar do Zé do Branco, bairro Base, centro da capital Rio Branco, na última sexta-feira, 3. Esfacelada desde 2018, pegando seguidas peias, a oposição nao tem alternativa, senão começar do zero. E onde se começa do zero? No bar. Na mesa, os camaradas Edvaldo Magalhães, os guerrilheiros Zé Uchoa, Fernando Melo e Chico Panthio, comensais do mesmo prato de outro opositor, o senador Sérgio Petecão (PSD), cuja carreira de 30 anos descarrilou na última eleição, com vagões pra todos os lados, ao terminar a disputa pelo Governo em um humilhante quarto lugar. Ao redor deles outras cabeças pensantes, como a do contador Ivo Carneiro. A pauta discutida exigiu quase a tarde toda.

No boteco do Zé do Branco muitas ideias fluíram e algumas pautas pontuadas. Decidiram, por exemplo, buscar um camarada que se dispersou na última eleição, o médico Jenilson Leite, que tentou carreira solo, além de convidar pra mesa o MDB, e, acreditem, não dispor nesse grupo uma cadeira para o ex-senador Jorge Viana. O objetivo primeiro: brigar pela prefeitura em 2024. Houve quem defendesse uma aliança até com o governador Gladson Cameli (PP) para derrotar o atual prefeito, Tião Bocalom (PP).

Depois de o senador Sérgio Petecão informar ter recebido ligação do Palácio Rio Branco para uma agenda oficial em março, um dos biriteiros, traçando um piau frito com farinha de Cruzeiro do Sul, sugeriu que Petecão se antecipe. “Vá antes, senador”. E justificou alegando que ninguém boça ante ao convite de uma liderança igual o atual governador, inexplicável do ponto de vista da popularidade. No bar o senador prometeu ir antes, não se sabe se na ressaca manterá a palavra.

Como em Stonewall, no bar do Zé do Branco pode ter iniciado uma revolta, totalmente válida. Sem oposição a política inexiste. Falta até inspiração para escrever.

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