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POLÍTICA

Isolado, município do Juruá deixa clientelismo, inicia nova política e prefeito quer outra chance

Publicado

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Jorge Natal, especial para o Acrenews

O município de Marechal Thaumaturgo, criado a partir de uma pequena vila desmembrada de Cruzeiro do Sul e emancipada administrativamente em 1992, cujo nome homenageia um dos heróis da luta pela anexação do Acre ao território brasileiro, no início do século XX, era um dos lugares que mais se ressentia de uma administração proativa e consequente. O local foi castigado pela corrupção e pelo clientelismo.

Em se falando de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), era um dos piores municípios do Brasil e metade de sua população (estimada em 17 mil habitantes) vivia abaixo da linha da pobreza. Sem contar que a cidade parecia ter sido bombardeada e boa parte da população vivia com a sensação de quem teve até a esperança roubada. Era o retrato do caos.

A assistência, que deveria ser provisória, criou um parasitismo à custa do erário. Em vez de dar expediente em seus gabinetes, os prefeitos despachavam em suas próprias casas, onde todos os dias se formava uma longa fila, como na época dos antigos coronéis de barranco.

Combustíveis, passagens, medicamentos, alimentos e contas de luz e gás eram os principais pleitos. Além de ser um absurdo, os benefícios, que eram individuais, criavam vínculos de dependência mútua, ou seja, o morador tinha o pedido atendido e os prefeitos mantinham o domínio político sobre ele.

Mas agora isso faz parte do passado. Uma nova forma de governar começou com o ex-prefeito Issac Piyãko, que foi eleito em 2016 e reeleito em 2020, mas renunciou ao cargo em 2022 para concorrer a uma cadeira na Assembleia Legislativa, sem sucesso. Foram destaques de sua gestão: ouvir a população, tratar com respeito o dinheiro público, inverter prioridades e atender de forma coletiva.

O herdeiro desse legado republicano é o prefeito Valdelio Furtado, de 45 anos, que discorda: “Não sou eu, mas a gestão, que governa de mãos dadas com a população, declarou ele, para quem Marechal Thaumaturgo será, num período de médio prazo, uma referência para a Região Norte. Recuperando-se de uma pneumonia, o alcaide nos recebeu em sua casa e concedeu esta entrevista:

AcreNews – Fale um pouco do senhor e de sua trajetória?

Valdélio Furtado – Eu sou professor e nasci no interior onde vivi até os 20 anos. Sou formado em Matemática e pós-graduado em Metodologia do Ensino de Matemática e Física. Apesar do meu pai ter sido vereador, a política entrou na minha vida por acaso. Por entender de políticas públicas e pelo fato de o poder estar sempre nas mãos de pessoas de fora, decidi me envolver. A nossa concepção e metodologia de gestão são diferentes das anteriores.

AcreNews – Como era a política antes de vocês assumirem?

Valdélio Furtado – Era totalmente diferente. Para começar, rompemos com o assistencialismo. Para haver transformação social, é preciso atender de forma coletiva. E fizemos mudanças estruturais na educação e melhoramos a qualidade do ensino. A escola é uma estratégia de desenvolvimento social. Criamos a escola-polo que hoje é uma referência. Na saúde estamos fazendo o nosso papel enquanto ente, que é levar uma atenção básica de qualidade. Na agricultura estamos apoiando o produtor e comprando os seus produtos. Hoje a merenda escolar é regionalizada e garantimos, dessa forma, a segurança alimentar das nossas crianças. Estamos levando água tratada para as comunidades rurais, o que está evitando doenças. E estamos oferecendo as condições para que os agricultores não migrem para a cidade.

AcreNews – Thaumaturgo era um local onde a prostituição infanto-juvenil, os furtos e consumo de drogas eram frequentes. Hoje essas mazelas foram bastante reduzidas. O que o senhor atribui a isso?

Valdélio Furtado – Além das políticas públicas para gerar oportunidades de trabalho, trabalhamos o esporte e a cultura como ferramentas de inclusão social, principalmente na juventude. E ganhamos títulos como o do Selo Unicef. Acreditamos que os valores familiares e os bons hábitos formam cidadãos de bem.

AcreNews – Quando institutos e instituições como o IDEB, o Trata Brasil e o IDH fizerem as suas aferições no tocante à qualidade do ensino, ao saneamento básico e ao desenvolvimento humano, Thaumaturgo aparecerá melhor na foto?

Valdélio Furtado – Embora essas transformações sejam de longo prazo, não tenho dúvidas que estaremos bem melhor do que em anos anteriores. É só andarmos pela cidade para perceber a autoestima da nossa gente. Esse é um trabalho a muitas mãos e que muito me orgulha.

AcreNews – Por que o senhor é candidato à reeleição?

Valdélio Furtado – É porque sou filho daqui, amo a nossa gente, estamos implantando políticas públicas de estado e temos um projeto de sociedade. Já começamos a reconstruir Thaumaturgo. Estamos mexendo na infraestrutura da cidade para melhorar os espaços públicos e a vida dos munícipes. Tem muito ainda a ser feito, portanto, o ciclo ainda não se fechou. As nossas marcas são o diálogo, o respeito à diversidade e a firmeza. Mais de 90% do nosso território é formado por áreas de preservação e reservas indígenas. E o que isso significa? Daqui há alguns anos seremos uma referência de desenvolvimento, ou seja, vamos utilizar todo esse potencial a nosso favor.

AcreNews – E o que mais a sua gestão está fazendo?

Valdélio Furtado – Estamos valorizando e pagando os servidores em dia, bem como os fornecedores e prestadores de serviços. Fomos um dos primeiros municípios a pagar o piso nacional dos enfermeiros. Também fomos os únicos a deixar os professores provisórios em folha de pagamento. Fizemos ainda cinco ruas. Estamos entregando uma quadra poliesportiva e reformamos outra. Iniciamos uma praça de atletismo, no valor de R$ 2 milhões, e vamos fazer uma ponte. Isso gera postos de trabalho e renda para a nossa população. E temos muitas, mas muitas emendas parlamentares para serem executadas. São mais de 8 milhões de investimento.

AcreNews – É possível fazer política com ética?

Valdélio Furtado – Não tenha dúvidas, pois é o que fazemos há quase oito anos. A função de um homem público é apenas retornar para a população aquilo que é dela. O gestor só deve fazer o que a lei permite. Estamos cumprindo rigorosamente a lei de responsabilidade fiscal, bem como de portas e contas abertas para a fiscalização dos órgãos de controle.

Eu confio no nosso trabalho e principalmente na população. A gente ouve as pessoas para definir uma metodologia de trabalho, ou seja, estamos fazendo uma gestão compartilhada. O nosso slogan é: “De mãos dadas com o povo”. Somos uma administração democrática e popular. E eu estou preparado para fazer muito mais.

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