Jornalista e escritor Pitter Lucena homenageia o cartunista Francisco Braga: “Tecelão da poesia”

O jornalista e escritor Pitter Lucena não deixou escapar a passagem de quinquagenaro para sexagenário do cartunista Francisco Braga, que trabalhou cerca de 20 anos no Acre, deixando por aqui a sombra de seus traços. Pitter escreveu o seguinte artigo sobre a figura:

BRAGA: O TECELÃO DA POESIA

• Pitter Lucena

Era uma vez, nos versos do tempo que se enredam nos cabelos prateados de Francisco Braga, um poeta que completara sessenta primaveras. Um marco, não apenas de efêmera idade, mas de histórias esculpidas nos sulcos do coração. Francisco, o artífice de palavras, o tecelão de sonhos, o arquiteto de rimas que, ao longo das décadas, ergueu uma catedral de poesia.

Recordo-me, Francisco, da infância que dançava entre os raios de sol e as sombras das brincadeiras de outrora. Uma boneca quebrada, talvez, mas não era a fragilidade dos brinquedos que determinava a força do menino que se tornaria homem. Era o espírito inquebrantável, a resiliência que florescia como um jardim nos campos de sua juventude.

Sessenta anos, ó Francisco, e teus passos ecoam como uma sinfonia madura, uma melodia entrelaçada com as marcas da jornada. Aumentaste teu registro no planeta, como um compositor que adiciona acordes à partitura da existência. Cada ano, uma nota, cada experiência, um compasso que molda a sinfonia única de tua vida.

E que dizer de tua mais bela faceta? Poeta, alquimista das palavras, feiticeiro que transforma o cotidiano em versos que dançam nos palcos da imaginação. Tuas estrofes são como pétalas que desabrocham nos campos da sensibilidade, enchendo o ar com o perfume das emoções traduzidas em linguagem poética.

Mantenhas, Francisco, essa forma irrequieta, como um rio que serpenteia por vales e montanhas, desafiando as fronteiras do convencional. Que cada encontro com a foiçuda, a ceifadora de destinos, seja adiado, que o tempo teça mais capítulos nas páginas do teu livro de vida.

Que tua armadura seja de borracha, capaz de absorver as setas lançadas pela adversidade, sem quebrar a essência que te torna humano. Que os verões se sucedam em tua existência, como estações de renovação, trazendo consigo novas paisagens para explorar e celebrar.

E, enquanto a vida desenha seus contornos, que a arte seja tua bússola, tua constante companheira. Que a criatividade, como um fio de ouro, entrelace cada fibra do teu ser, dando forma a obras que transcendem o efêmero, que ecoam pelos corredores do tempo.

Que tua jornada seja marcada por graça e talento sem medida, como um presente divino. Que as palavras que brotam de tua pena transformem-se em alegria, em suspiros de encantamento para aqueles que têm a sorte de mergulhar nas páginas de tuas criações.

Assim, Francisco Braga, que tua vida seja uma poesia perene, uma canção que continua a embalar os corações de quem tem a honra de conhecer o poeta sessentão, o artífice de sonhos, o mestre da palavra que, como uma lanterna, ilumina os recantos mais belos da existência.

Pitter Lucena é jornalista e escritor