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Mora na Filosofia

Mestre Aldo Tavares escreve na coluna desta quinta-feira, 3: “PCdoB, uma coisa inútil”

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PC DO B, UMA COISA INÚTIL
Aldo Tavares
O Partido Comunista do Brasil não só é muito pequeno ou muito inexpressivo numericamente no parlamento como é pequeníssimo ou retardadíssimo no campo das ideias. Defensor da ditadura do proletariado, o PC do B nunca foi uma legenda democrática, mesmo porque sempre defendeu a luta armada e, em tempos hodiernos, protege a imagem assassina de Stálin. Não é de hoje que o PC do B é uma coisa inútil à política brasileira.
 No entanto, ainda que o PC do B não existisse, a extrema-direita inventaria um comunista, porque ela precisa de um inimigo, e o PC do B foi sempre esse perfeito inimigo útil ao fascismo, ao capital, ou seja, se o PC do B tem alguma força política, essa força só existe para servir ao discurso político da extrema-direita.
Em 1978, Jean Baudrillard publica na França “Le P.C. ou Les Paradis Artificiels du Politique”, chegando ao Brasil em 1985 com o título “Partidos Comunistas: os paraísos artificiais da política”. Segundo esse pensador francês, a ideologia comunista desconhece o sentido da política e o do poder, pois “somente possuíram, desde sempre, o gosto pelo domínio burocrático” (BAUDRILLARD, 1985, p. 16), domínio que não admite a liberdade criadora, por exemplo, a da literatura, sufocando-a com as mãos do realismo, mãos que não permitem a vida não germinar. No agenciamento-livro “O imaginário vigiado”, Dênis de Moraes documenta o controle comunista contra Carlos Drummond de Andrade, contra Jorge Amado, por exemplo. E mais: lendo “Os marxistas e a arte”, Leandro Konder nos mostra a arte criadora mais perseguida pelo comunismo, qual seja, o simbolismo. “A rigor, Lenin não trouxe uma contribuição original e profunda para o desenvolvimento teórico da estética marxista” (KONDER, 2013, p. 69), considerando ainda que a estética marxista representa o próprio atraso por não ser criadora, no sentido de que a potência do falso é a única potência da arte capaz de (des)cobrir a verdade.
 A fim de controlar o ato criador da potência do falso, potência única que possibilita a criação, o comunismo uniformiza a estética por meio do realismo, quer dizer, uma arte que copia a realidade, não superando, portanto, o conceito de representação. A arte que foge à representação, a história o comunismo nos revela que é arte proibida.
Assim como na arte, o comunismo age na política; porém, a fim de simular, aparenta simpatia, aparentar dizer a verdade. Aparenta. Apenas aparenta; mas, para além da superfície, defende a ditadura do proletariado, defende a arte conforme sua ideologia, defende a morte de Deus.  Sua importância, no entanto, existe para a extrema-direita como inimigo. Esse, o único valor do PC do B.
REFERÊNCIAS
BAUDRILLARD, Jean. Partidos comunistas: paraísos artificiais da política. Rio de Janeiro: Rocco, 1985.
KONDER, Os marxistas e a arte. São Paulo: Expressão Popular, 2013.
MORAES, Dênis de. O imaginário vigiado. Rio de Janeiro: José Olympio, 1994.
SARTRE, Jean-Paul. Que é a literatura? São Paulo: Ática, 1989.
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