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GOSPEL

Como o hoje perito criminal e músico João Valbecir tirou proveito de uma longa temporada na prisão para mudar de vida, a partir de sua convenção ao cristianismo

Publicado

em

Evandro Cordeiro

Quando o João Valbecir Alves Barbosa, hoje com 53 anos, se preparava para o sucesso, em meados dos anos 1980, como repórter da Rádio Novo Andirá, eis que o destino lhe prega uma peça. Ele comete um homicídio, ocorrência sobre a qual prefere nem lembrar, e vai parar na penitenciária Francisco d’Oliveira Conde, onde ficou oito anos. A reclusão ao invés de assassinar os sonhos do Valbecir, deu nele coragem para lutar. Ele achou no evangelho de Jesus Cristo a mola propulsora para seguir. Além de trabalhar e promover ações sociais dentro da cadeia, como campeonatos de futebol, ele também seguiu os estudos. Foi exatamente na prisão que ele concluiu o antigo segundo grau. Ao terminar a pena, deu sequência na busca pelo conhecimento e profissionalização. Hoje é um perito criminal, com pós-graduação. Além do mais é músico intérprete e instrumentista. É com ele que o AcreNews bate um papo rápido com objetivo de esmiuçar essa história, capaz de servir de força para outras pessoas submetidas ao mesmo infortúnio.

A ostentação daquilo que ele acha mais valioso, o comprovante do que aprendeu na academia, os brasões de perito

AcreNews – Quem é esse Valbecir que hoje se apresenta nas redes sociais tocando e cantando, com cara de vitorioso?

João Valbecir – João Valbecir Alves Barbosa é um homem feliz. É formado em investigação forense e perícia criminal pela faculdade Uniasselvi, tendo acabado de concluir uma pós-graduação na mesma área, em investigação forense e perícia criminal. Portanto, perito criminal de fato e de direito.

AcreNews – Como foi sua história até chegar na confortável situação que você se encontra hoje?

João Valbecir – No final dos anos 1980 iniciei como repórter esportivo, tendo trabalhado na antiga rádio Novo Andirá Capital e também iniciado como músico, interpretando e compondo. Recentemente gravei um EP de músicas de vários artistas, uma destas que faz muito sucesso, “Sonho contigo e acordo agitado”, de Jorge Cardoso (in memorian). Naquela época, durante uma bebedeira, infelizmente, cometi um crime de homicídio, sendo julgado e condenado pela Justiça e conduzido as dependências do presídio Francisco d’Oliveira Conde. Lá fiquei por quase oito anos, pagando pelo meu erro.

AcreNews – O que significou para o senhor essa longa cadeia? O sistema prisional é capaz de ressocializar pessoas?

João Valbecir – O sistema prisional em si não ressocializa ninguém. Pelo contrário. As pessoas chegam ali muitas vezes por cometerem crimes considerados pela Justiça como de forma mais brandas, tipo: crimes de furto e ao invés de serem ressocializadas, passam a conviver com bandidos de alta periculosidade, que cometeram crimes hediondos e recebem um ensinamento de como se tornarem criminosos. Por isso que a reincidência é muito grande. Sempre as mesmas pessoas saindo e voltando do sistema prisional. Para se ressocializar, uma pessoa tem que ter interesse próprio de querer mudar de vida. Mas isso é muito difícil. Existem muitas barreiras aqui fora e muitos desistem e voltam a vida criminosa.

Ele recebeu o troféu após seu time vencer um torneio

AcreNews – O que você fez dentro da penitenciária para mudar a sua vida, que parece que serviu até para outras pessoas?

João Valbecir – Por ter um excelente comportamento recebi o direito de trabalhar internamente para abater minha pena, uma vez que a lei de execuções penais garante o direito a três dias trabalhados abater um dia da sentença. Então fui convidado pelo então diretor, o doutor Felismar Mesquita, a fazer parte de um trabalho de ressocialização. O esporte foi o recurso encontrado para que esse projeto fosse realizado. Eu era o responsável pela formação das equipes de futebol dos pavilhões e também treinador da seleção de futebol do presídio. Passamos cinco anos invictos, inclusive jogamos com várias equipes de fora do sistema, inclusive o time do Vasco da Gama aqui do Acre e ganhamos o jogo. Esse trabalho foi registrado pela TV 5, com o repórter Alberto Casas. Foi legal demais. Muitos presos começaram a pensar de maneira diferente sobre suas vidas no crime.

A seleção do presídio dirigida pelo João Valbecir, que ficou invicta cinco anos

AcreNews – Como você conseguiu virar perito criminal. Seus estudos seguiram dentro do presídio?

João Valbecir – Sim, me formei e pós-graduei depois até sai de lá, mas tudo começou lá dentro. Deixa eu falar. No mesmo dia que cheguei naquele lugar me arrependi profundamente do que tinha feito. Então tomei a decisão de estudar mesmo lá dentro do presídio. Pedi ao doutor Felismar Mesquita e ao delegado Nilson Oliveira uma autorização para que meus livros e cadernos pudessem entrar. Eles, de pronto, me atenderam. Aí os presos que já tinham nível superior me davam aulas. Era tudo bem rigoroso e muito bom. Eu terminei o segundo grau e falei pra minha família: vou sair daqui e fazer faculdade. Dito e feito. Ao sair de lá não parei com meus sonhos. Foi muito difícil, mas graças a Deus hoje sou pós-graduado em perícia criminal e não vou parar por aqui. Vou fazer mestrado e chegar ao dourado. Aí meu sonho estará realizado.

AcreNews – O senhor está prestando serviço em sua área. Passou em algum concurso?

João Valbecir – Infelizmente existe uma lei que não permite ser empossado em cargos públicos na minha idade, mas trabalho atendendo na minha profissão de perito criminal. Sou habilitado para todas as áreas de perícia tais como: criminologia, medicina legal aplicada a investigação criminal, direito processual penal, química e toxicologia. Enfim todas as áreas científicas de investigação forense e perícia criminal.

AcreNews – O senhor é evangélico, né? Como foi esse encontro com Deus?

João Valbecir – Foi a melhor decisão da minha vida, foi a melhor coisa. É algo inexplicável o encontro com nosso Salvador Jesus Cristo. Isso foi fundamental para todas as mudanças na vida, que começaram pelo meu coração.

AcreNews – Como o senhor está vivendo no momento para sobreviver?

João Valbecir – Sou músico profissional e presto serviços como freelancer na área de vendas.

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