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POLÍCIA

‘Criminosos veem nós, policiais penais, seus inimigos naturais. Por isso a atividade é tão perigosa’, diz presidente da Associação da categoria em entrevista exclusiva ao AcreNews

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O presidente da Asspen, Eden Alves Azevedo, de 38 anos, policial penal desde 2008, professor de matemática pela Ufac e portador de duas pós-graduações – em Inteligência Policial e outra em Segurança Pública – concedeu entrevista exclusiva ao AcreNews para falar sobre o encontro dos representantes da entidade com os parlamentares. A seguir, os principais trechos da entrevista?

AcreNews – O que de fato os senhores policiais penais buscaram nesta audiência pública com os parlamentares estaduais?

Eden Alves Azevedo – A gente foi buscar apoio dos deputados para que consigamos o auxílio similar ao da Polícia Militar, que é o auxílio fardamento e a complementação cujo valor, em ambos os casos, a algo em torno de R$ 1 mil por mês. Queremos que os deputados nos ajudem a descongelar a nossa titulação, que está congelada há tanto tempo

AcreNews – Por que está havendo, vamos dizer assim, este “congelamento”?

Eden Alves Azevedo – Na criação da nossa Lei orgânica nos foi dito que, naquela época, dezembro do ano passado, não poderia haver impacto financeiro sobre a folha de pagamento.

AcreNews – O aumento que os senhores estão buscando impactaria a folha de pagamento estadual no valor de quanto?

Eden Alves Azevedo – Na verdade, seria um auxílio que chegaria R$ 1 mil por mês para cada policial. Como somos em torno de mil policiais penais, este impacto seria de R$ 1 milhão por mês na folha.

AcreNews – Por que o Governo não fez isso ainda? Foi explicado o motivo à categoria dos senhores?

Eden Alves Azevedo – O Governo tem alegado sempre os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, mas há exemplos de outras categorias as quais o Governo tem atendido as reivindicações, como é o caso da própria Polícia Militar e também em relação à Saúde e à Educação. Infelizmente, só em relação à Polícia Penal o Governo ainda não se sensibilizou o suficiente.

AcreNews – Caso a Assembleia Legislativa não consiga resolver a situação, há a possibilidade de greve da categoria?  

Eden Alves Azevedo – Caso não aconteça, a gente tem que reunir a categoria e, numa assembleia, definir qual o rumo que vamos tomar e definir os próximos passos, até porque, agora, em 30 de março, é o último dia em que o Governo pode conceder qualquer tipo de aumento, porque, a partir daí, já há as implicações legais em relação à legislação eleitoral, que veda a concessão de aumentos ou auxílios em período de campanha eleitoral.

AcreNews – Insisto: há possibilidade de greve?

Eden Alves Azevedo – A princípio, não. Exatamente porque a gente sabe que a partir de 30 de março não há cobertura legal para a concessão de reajustes. A categoria entende isso e por isso a gente quer a sensibilização tanto dos deputados como do governador Gladson Cameli.

AcreNews – Como é que foi a recepção das reivindicações de vocês entre os deputados?

Eden Alves Azevedo – Devo dizer que, a Assembleia Legislativa, pelo conjunto de seus deputados, sempre foi uma parceria da Polícia Penal. Em outros momentos, como o da criação da Polícia Penal, através de lei estadual, na nossa Lei Orgânica, houve alguns entraves e os parlamentares conseguiram ajuda a categoria. É por isso que estamos na luta porque mais uma vez precisamos da ajuda dos parlamentares. Nós entendemos que é uma reinvindicação financeira que não impactaria tanto a folha de pagamento do Estado, já que o próprio governo já sinalizou para outras categorias que isso é possível e acho que deveria haver o melhor olhar para a Polícia Penal que é uma das forças de segurança do Estado mais tem combatido o crime organizado e que é a mais vulnerável e a que mais sofre a reação das facções criminosas e do crime organizado.

AcreNews – Como é este sofrimento dos policiais penais aos quais o senhor se refere?    

Eden Alves Azevedo – Um exemplo: Ao longo de 13 anos de Polícia Penal, já morreram 16 policiais, executados pelas facções criminosas e a mando dos chefões cujas ordens partem de dentro do sistema penal. Além disso, houve também dois suicídios de policiais penais. Um, dentro da penitenciária e o outro caso foi na residência do agente. Isso mostra o grau de estresse entre nossos agentes. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a Polícia Penal é a segunda profissão, mas estressante do mundo, perdendo apenas para os desarmadores de bombas e minas. Nós só queremos sermos valorizados e reconhecidos para continuarmos prestando um bom serviço à sociedade.

AcreNews – Como é que o senhor explicaria o constante envolvimento de policiais penais em ocorrências criminosas? Já noticiamos tentativa de policiais penais de entrarem em presídios com armas e drogas – um deles, aliás, é conhecido até por Senhor das Armas. E mais recentemente, policiais penais têm se envolvido em práticas de homicídios? Como explicar o envolvimento de tantos policiais penais em crimes diversos e com tanta frequência?

Eden Alves Azevedo – Infelizmente, como em toda organização, em toda atividade humana há aquilo que podemos chamar de parte podre, a história d a maçã podre no cesto. Mas, no nosso setor, essas ocorrências são muito poucas e todas elas as providências necessárias foram tomadas, com respostas rápidas à sociedade. Esse que o senhor se referiu a Senhor das Armas, por exemplo, foi preso por seus próprios colegas, nua operação conjunta com a Polícia Civil. A Inteligência da Polícia Penal o investigou e, ao final, com provas, o prendeu. O outro caso recente, em que o policial penal matou um homem ali no bairro Abrão Allab, o caso foi considerado de legítima defesa. O policial apenas reagiu a injusta agressão de um rapaz que portava um terçado e ameaçava atacá-lo. Ele deu um único tiro e ainda ligou para o Samu e ainda prestou ajuda à vítima. Infelizmente, como já dito, como em todo segmento humano, há problemas, mas a Polícia Penal é a que mais combate o desvio de seus membros.

AcreNews – O sistema prisional do Acre estaria pior se não houvesse a Polícia Penal? Por que?

Eden Alves Azevedo – Estaria bem pior, com certeza. A redução da criminalidade no Estado do Acre vem se dando, em muito, graças à atuação a Polícia Penal nos presídios, no combate ao crime. Antigamente, se dizia que as penitenciárias nada mais eram que escolas, autênticas universidades de criminosos. Hoje é diferente: os presídios têm ordem e disciplina e, com certeza, as pessoas que são presas e conseguem de volta a liberdade, não querem mais voltar aos presídios. Antes, tanto fazia estarem solto ou presos, eles continuavam com suas práticas. Por isso, nossa atividade é tão perigosa. Os criminosos veem em nós seus inimigos, até no caráter pessoal, quando, na verdade, nós sós estamos ali para fazer cumprir a lei e as decisões do Judiciário.

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