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Artista plástico com síndrome de Down exibe quadros em exposição

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Desde os 7 anos, o hábito de desenhar círculos no papel chamou a atenção de Tatiana Mares Guia, 55 anos, e de Jack Corrêa, 70, pais do artista plástico Augusto Corrêa, 22, portador de síndrome de Down, que terá 26 quadros expostos na exposição Universos de Augusto Corrêa. O evento vai estar aberto ao público das 9h às 18h, de 14 a 23 de março, no Espaço Cultural Athos Bulcão, na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). As obras, sendo a maioria feita na infância do rapaz, vão estar digitalizadas em telas de até 2,20 metros de altura. Algumas possuem formas de barco, Cristo Redentor, moléculas e até bolinhas no formato do Mickey Mouse, personagem da Disney, grande paixão do garoto. “Amo todos os filmes e assisto enquanto faço meus quadros”, diz Augusto.

Com ajuda da mãe, Augusto Corrêa conta que se sente muito bem quando está com a caneta hidrocor na mão. “Ouço muita música e vejo televisão durante a produção da minha arte. É um momento muito legal”, vibra. 

A exposição faz alusão ao Dia Internacional da Síndrome de Down, lembrado no dia 21 deste mês pela Organização das Nações Unidas (ONU). A ideia é criar uma conscientização global para garantir que Downs tenham as mesmas liberdades e oportunidades que todas as pessoas. O incentivo dos pais e o estímulo para outras habilidades — necessário para quem tem a síndrome — não faltou para Augusto, que tem vários talentos, além da arte. Ele é mergulhador, faixa preta de judô por 15 anos e toca violão.

“O termo inclusão é muito maior que isso. A pessoa com deficiência pode conquistar as coisas, tanto que ele está fazendo estágio três vezes por semana e consegue realizar uma tarefa com disciplina e mostrar uma coisa positiva para a sociedade. O artista nasce artista, e meu filho faz um trabalho único”, opina a mãe do jovem, Tatiana Mares Guia.

A servidora pública conta que a experiência do artista vem desde 2015, quando teve a primeira exposição, de bolhas de sabão, apresentada no Senado Federal, com 100 desenhos prontos. No ano seguinte, o convidaram novamente para exibir o quadro do fundo do mar. Depois, em 2019, as bolinhas de Augusto foram parar no Centro Cultural do Tribunal de Contas da União (TCU). “Nesse período da pandemia (da covid-19), ele produziu como nunca, e desenhos com muitos detalhes. A diferença desta vez é que vão ser quadros maiores”, diz Tatiana.

Por meio da arte, Augusto usa uma característica da síndrome de Down a favor dele e leva para o papel. O sintoma trata-se da trissomia do cromossomo 21: uma molécula do corpo que causa alteração genética e gera três cromossomos. A repetição das bolinhas cria uma mescla de cores e padronização de linhas, que fará o público refletir sobre a relação entre elas. “Comecei a me apaixonar pelas obras dele, mas gosto também das coisas que ele fez há dez anos. Elas têm a mesma qualidade visual que tem agora”, diz o Celso Júnior, 49, curador da exposição.

Ele, que também é fotógrafo, brinca com a equipe do estúdio de fotos que pretende ligar para a mãe de Augusto pedindo para ela levar o artista ao local a fim de inspirar os demais pelo carinho e criatividade do jovem. “Conhecia o trabalho dele de vista, mas nunca tinha parado para ver com calma. Quando você conhece o Augusto, você se apaixona por ele. É cativante a arte dele porque é uma coisa muito forte”, descreve Celso.

Da mesma forma que as bolinhas que Augusto desenha se interligam, a arte dele também se expande para outras áreas. Uma amiga da família, de Belo Horizonte-MG, cria roupas e tecidos com bordado dos desenhos do brasiliense. Outro exemplo está no tênis branco que ele mesmo desenhou na última terça-feira. “Qualquer pessoa faz isso, mas quantas tem aqui? Quanto tempo ele gasta? Não é qualquer um que tem paciência e carinho com uma obra dessa”, emociona-se o pai do rapaz, o advogado Jack Corrêa.

Segundo ele, as pessoas que estavam acostumadas com os quadros pequenos vão se impressionar com a dimensão desta nova exposição. “A gente tem muita expectativa de que ele saia de um padrão caseiro para o mundo, porque ele faz os desenhos todos os dias. Vai à aula e volta para desenhar. A gente não tem a pretensão de que ele vá trabalhar em um escritório, mas pode levá-lo para lugares que a gente nunca imaginou. A Disney é pouco para ele”, completa o advogado.

[Correio Braziliense]

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